Hailey Bieber contou em suas redes sociais ter sido diagnosticada com um pequeno coágulo sanguíneo no cérebro
Reprodução / Instagram - 18.01.2022
Hailey Bieber contou em suas redes sociais ter sido diagnosticada com um pequeno coágulo sanguíneo no cérebro

No último sábado, a  modelo Hailey Bieber, esposa do cantor Justin Bieber, contou em suas redes sociais ter sido diagnosticada com um pequeno coágulo sanguíneo no cérebro depois de manifestar sintomas semelhantes aos de um acidente vascular cerebral (AVC).

De acordo com o relato, o pequeno trombo, como também é chamado, causou uma perda momentânea da oxigenação do cérebro, que motivou os sintomas sentidos por Hailey. Em poucas horas, a modelo contou que estava recuperada. Uma das principais suspeitas para a formação do problema é que tenha sido um caso de sequela da Covid-19 , e a incidência dos coágulos após a infecção é mais comum do que se imagina.

“Na última quinta, eu estava sentada tomando café com meu marido quando comecei a sentir sintomas de um derrame e eu fui levada para um hospital. Eles descobriram que havia um pequeno coágulo sanguíneo no meu cérebro, o que causou uma leve falta de oxigênio”, contou a modelo em publicação nas redes.

O marido de Hailey, Justin Bieber, foi diagnosticado com a Covid-19 em fevereiro, mas até então não foi confirmado se ela também foi contaminada pelo vírus. O médico Salmo Raskin, geneticista e diretor-médico do Laboratório Genetika, em Curitiba, explica que os  coágulos são sequelas relativamente comuns da Covid longa, quando os impactos da doença persistem mesmo após a infecção.


Mas, no caso de Hailey, caso o trombo tenha sido de fato consequência da Covid-19, Raskin reforça que seria um caso ainda considerado na fase aguda, por haver pouco tempo desde a infecção. Ele acrescenta que o risco de um coágulo é elevado pela atuação do vírus no organismo.

"A gente sabe que o vírus causador da Covid aumenta a coagulação da pessoa, tornando o sangue mais viscoso e menos fluido. Além disso, a Covid tem uma ação inflamatória, por causa da tempestade de citocinas. Além disso, ela tem uma terceira ação, que pode alterar as células do vaso sanguíneo. Isso tudo predispõe a formação desses coágulos", explica o especialista.

A coagulação do sangue é uma resposta natural do organismo que auxilia, por exemplo, no controle do sangramento causado por cortes e lesões. No entanto, quando essa função é elevada, podem ser formados coágulos em vasos e artérias que impedem a passagem do sangue e, consequentemente, a oxigenação de partes do corpo.

Essas barreiras, também chamadas de trombos, provocam o diagnóstico chamado de trombose, que, no caso como o de Hailey, é cerebral. Quando a barreira é formada no pulmão, por exemplo, o diagnóstico é chamado de tromboembolismo pulmonar. No caso da Covid-19, estudos comprovaram que o vírus de fato tem uma atuação inflamatória que eleva a coagulação, levando o organismo a um estado de hipercoagulabilidade.

"A gravidade dos casos varia. Nas pessoas que têm a trombose causada pela Covid, normalmente a infecção anterior foi sintomática, ainda que os sintomas tenham sido leves. Ainda assim, há também casos de trombose após uma infecção assintomática, mas é atípico", ressalta Raskin.

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Essa capacidade inflamatória do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid, fez com que as doenças cardiovasculares, que são responsáveis pelas principais causas de morte no mundo, tenham aumentado muito durante a pandemia, afirma a Organização Mundial de Saúde (OMS),.

De acordo com um estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Hospital Alberto Urquiza Wanderley e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o número de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil cresceu até 132% entre março e maio de 2020.

E esse risco permanece após a infecção. Um estudo da Universidade Stellenbosch, na África do Sul, e da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, descobriu que moléculas inflamatórias da Covid-19 podem permanecer presas em pequenos coágulos sanguíneos após a doença, o que foi ligado a uma das principais causas para a Covid longa. Os pesquisadores sugerem que o tratamento contínuo com anticoagulante pode beneficiar esses pacientes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), alguns dos sintomas característicos da Covid longa, além da trombose, são fadiga, falta de ar e disfunção cognitiva. Um estudo de pesquisadores do Reino Unido identificou ao menos 115 outros sintomas persistentes relatados, como perda de olfato, espirros frequentes, dificuldade de ejaculação, redução na libido, falta de ar em repouso, dor torácica, voz rouca e febre.

Sintomas, causas e tratamento da trombose

Os coágulos sanguíneos que causam a trombose podem regredir sozinhos, como foi o caso da Hailey, ou precisar de um tratamento médico, geralmente feito com medicamentos anticoagulantes que desfazem e previnem a formação dos trombos. Em casos mais graves, a trombose pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC), que pode ter consequências como paralisia, convulsões, perda de força nos braços e nas pernas.

Além da Covid-19, a formação dos coágulos pode ser desencadeada por uma predisposição hereditária para o excesso de coagulação do sangue, como é o caso da trombofilia, uma condição médica que torna o sangue constantemente mais espesso. Os trombos também podem ser gerados como consequência de outros problemas de saúde, como diabetes, colesterol elevado e hipertensão arterial, que influenciam no fluxo sanguíneo.

A imobilidade durante longas horas, como numa viagem de avião ou numa internação prolongada, o uso de anticoncepcionais e o tabagismo também foram ligados a um aumento do risco de formação de coágulos. Os sintomas mais recorrentes são dor, inchaço, vermelhidão e calor no local, aumento da temperatura na área e enrijecimento da pele. Os casos, porém, podem ser assintomáticos.

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