Aedes Aegypt, o mosquito transmissor da dengue
Venilton Kuchler / ANPr
Aedes Aegypt, o mosquito transmissor da dengue

Uma pesquisa feita pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da biofarmacêutica Takeda e com coordenação científica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) mostrou que a pandemia atrapalhou a percepção - já confusa - dos brasileiros sobre a dengue.

Diferentemente da covid-19, a dengue está longe de ser novidade, e é uma das doenças com mais alto índice de contágio por ano no Brasil. No estudo, os pesquisadores constataram que para 31% dos entrevistados, a doença "deixou de existir".

Foram entrevistadas 2 mil pessoas acima de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, no mês de outubro de 2021. O questionário foi aplicado por telefone, e a margem de erro é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

“A realidade revelada pela pesquisa é preocupante. Com a urgência da pandemia de Covid-19, muitas doenças infecciosas, como as arboviroses (dengue), foram colocadas em segundo plano e até esquecidas. Precisamos retomar a discussão e os cuidados com a dengue, focando em disseminar informações e campanhas de conscientização que estimulem a prevenção”, afirma Alberto Chebabo, médico infectologista e presidente da SBI.

Percepção sobre dengue

Segundo o estudo, 31% dos entrevistados apostaram que a doença deixou de existir durante a pandemia; embora 69% tenha respondido que tem medo de pegar a doença.

Para 53%, o risco de contágio se manteve igual, enquanto 25% disseram que consideram que aumentou. Chama atenção as justificativas que 22% deram ao responder que ele diminuiu: para eles, toda doença agora é covid-19, aumentando a percepção que o país não tem mais casos de dengue. Outros 28% disseram não ter ouvido falar mais na doença.

As duas respostas apontam para a necessidade do reforço de campanhas de conscientização para o contágio e tratamento da dengue, deixadas um pouco de lado desde que a pandemia começou.

Outro dado que corrobora essa necessidade é a falta de conhecimento do brasileiro sobre as características da dengue, como quantas vezes é possível pegar - apenas 2% optaram pela resposta certa, até quatro vezes; 56% responderam que não sabem, e 16% chutou que uma pessoa poderia ter um número ilimitado de infecções.

A percepção de 48% é de que os cuidados com a dengue diminuíram por causa da covid-19.

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Contágio e sintomas

No que diz respeito ao contágio, porém, as pessoas associaram o quadro de dengue com situações de risco como idade (57%), imunidade baixa (80%) ou nunca ter tido contato com a doença (58%).

Os fatores reais, como água acumulada (99%), ambientes sujos e lugares sem saneamento básico (96%), felizmente foram lembrados por grande parte da população.

Febre, dor no corpo e dor de cabeça foram os mais lembrados tanto nos questionamentos sobre principais sintomas como nos sintomas gerais, e 61% das pessoas afirmaram que procurariam um médico caso estivessem com suspeita da doença. Ações como tomar muito líquido e repousar também são consideradas como essenciais pela população.

Como evitar

Combater a dengue é um trabalho em conjunto que envolve o poder público e a população, e para 91% dos entrevistados é possível evitar a doença. No entanto, 45% lembram que não é possível controlar os cuidados de terceiros.

Ações simples, do dia a dia, foram lembradas pelos que veem como possível o controle do mosquito - 69% apontaram que não se deve deixar água parada, e 29% lembraram da limpeza nos quintais de casa; outros 23% falaram sobre a água parada em pratinhos de plantas, e 21% da vedação de caixas d'água e reservatórios de água.

Mesmo assim, dos 30% que responderam já ter tido dengue, apenas 55% afirmaram que fizeram alguma mudança em casa para evitar a procriação do Aedes Aegypt.

Segundo o Ministério da Saúde, nas primeiras seis semanas de 2022, o Brasil contabilizou 70.555 casos prováveis de dengue. O número é 43,5% maior que o registrado no mesmo período de 2021.

Em todo o ano passado, foram 544.460 casos, ate os mais de 1 milhão contabilizados em 2020, o que indica uma grande chance de subnotificação em meio ao agravamento da onda de covid-19.

** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.

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