Ficar por longos períodos trancado no quarto e interagir menos com os pais do que nos tempos de criança são comportamentos considerados normais durante a adolescência. Mas se aqueles que estão entre os 12 e os 18 anos apresentam mudanças repentinas de humor, alteração no sono, diminuição do interesse em atividades rotineiras e preocupações excessivas com o futuro é preciso ligar o alerta.
Pesquisa do Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), em parceria com o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), revelou que 60% dos jovens nesta faixa etária têm queixas relacionadas à saúde mental. Este estudo, anterior à pandemia, aponta para uma tendência que pode ter sido agravada após a chegada da Covid-19.
Psiquiatra e coordenador do Polo de Atenção Integral à Saúde Mental do Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Usina, e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, Thyago Azevedo esclarece quais as doenças que mais afetam os adolescentes nesta especialidade da medicina.
"Ansiedade e depressão são as mais comuns. As causas vão desde o abuso de drogas lícitas e ilícitas, como consumo de bebidas alcoólicas, uso de medicamemtos reguladores de humor e tranquilizantes de forma recreativa, sem prescrição médica, até os efeitos nocivos do distanciamento social e do excesso de tempo diante do celular. Eu vejo esse aumento de casos desde antes da pandemia, mas, sem dúvida alguma, piorou de março de 2020 para cá", diz.
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A prevenção e o tratamento da saúde mental dos adolescentes só acontecem com a participação efetiva da família. É o que garante Azevedo:
"Mães, pais e responsáveis devem estar atentos às alterações de comportamento. Adolescente melancólico ou irritadiço, que troca a noite pelo dia, evita contato com os amigos ou com as atividades que davam prazer anteriormente, como a prática de algum esporte, estão precisando de ajuda. Além de procurarem um especialista, os pais devem dar afeto, em vez de punir.", diz.
Segundo o psiquiatra, o isolamento entre membros da mesma família - ou seja, todos estão em casa, mas não interagem entre si - faz mal a todos, mas principalmente às crianças e adolescentes. "Uma dica é estreitar os vínculos, assistindo a filmes juntos, fazendo as refeições à mesa e evitando conexões excessivas com o universo virtual", afirma.
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