O remédio antiparasitário ivermectina não é eficaz para evitar a hospitalização causada pela Covid-19, concluiu um estudo realizado no Brasil com 1.358 pacientes e que teve seus resultados publicados nesta terça-feira (30) pelo "New England Journal of Medicine", um dos mais importantes do mundo
Os pacientes envolvidos foram buscar atendimento em 12 hospitais ou centros médicos de Minas Gerais e todos tinham ao menos um fator de risco para a doença, como idade avançada, diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, câncer ou outras condições de fragilidade na saúde.
Segundo a metodologia apresentada no estudo, 10.467 pessoas foram selecionadas para participar do estudo, mas apenas permaneceram as que tinham fator de risco após uma extensa triagem. Assim, 679 pacientes receberam ivermectina e 679 tomaram placebo, fazendo um tratamento por três dias.
Os números mostraram que 11,6% dos que tomaram o antiparasitário precisaram de internação contra 14% dos que não tomaram, uma diferença estatística mínima. As mortes foram 3,1% no primeiro grupo e de 3,4% no segundo. Ou seja, não há diferença relevante entre os dois grupos. Os especialistas ainda informaram que os dados de diminuição de carga viral, de dias de internação e de necessidade de ventilação externa não apresentaram diferença entre os dois grupos.
"Nesse estudo randomizado, a administração de ivermectina não levou a uma menor incidência de internações hospitalares ou a uma redução do período de observação em pronto-socorro para os pacientes com Covid-19 ou com alto risco de doença grave", conclui o estudo, considerado um dos maiores do mundo.
A ivermectina é um dos remédios mais citados em grupos antivacina e de negacionistas como responsável por curar ou para prevenir a doença. No entanto, diversos estudos mostraram que o remédio não têm nenhum efeito real contra a doença desde o início da crise sanitária em 2020.