Gestores municipais e entidades médicas relataram recentemente ao Ministério da Saúde dificuldades na aquisição de dipirona injetável para tratamento hospitalar. De acordo com as informações prestadas ao governo, a produção do analgésico é afetada pela falta de interesse econômico das farmacêuticas.
Neste domingo, a informação sobre os alertas foi publicada pela “Folha de S. Paulo” e confirmada pelo GLOBO. Os avisos foram feitos pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e por médicos.
Segundo os gestores, o insumo é importante para o atendimento de pacientes, pois não há outra substância “100% substituível”. A demanda pelo produto é alta e há décadas é prescrito pelos profissionais de medicina no país para alívio de dor, febre, além de outros sintomas.
Secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira diz que um levantamento feito com cinco laboratórios brasileiros, fabricantes da dipirona, foi enviada ao governo e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Três grandes fabricantes pararam a produção. Nos demais havia uma alta demanda. O cenário aponta, portanto, para um risco de escassez.
"É um alerta que fizemos à Anvisa e ao Ministério da Saúde. Não são medicamentos de compra centralizada, cuja responsabilidade seja do governo federal. Mas seria (o caso) de regular o mercado, para que não falte na ponta o medicamento importante, injetável. Não está faltando, mas há uma dificuldade de produção e entrega . Então fica o alerta" disse Junqueira ao GLOBO.
Para Junqueira, seria importante Anvisa e Saúde participarem de forma pró-ativa do processo. Além disso, seria necessário chamar a indústria para dialogar sobre o assunto. Uma das alternativas para lidar com o problema seria o governo incentivar a produção.
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"Já tivemos o mesmo problema com a penicilina. Por não haver interesse (econômico) pelo baixo custo. Então, é preciso que o governo faça a sua gestão. Neste caso da penicilina, o problema foi resolvido e não tivemos mais problema. É preciso que o governo faça a intervenção" acrescentou.
Procurado pelo GLOBO, o Ministério da Saúde disse em nota que, “em apoio aos gestores locais, a pasta estuda, junto à Anvisa e representantes das indústrias, a melhor estratégia para solucionar o desabastecimento”.
Acrescentou ainda que o financiamento do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), programa para aquisição de medicamentos, como a dipirona injetável, “é de responsabilidade da União, dos estados, municípios e Distrito Federal”. A pasta informou ainda que “o repasse federal encontra-se regular, cabendo aos estados e municípios a aquisição e a disponibilização dos medicamentos à população”.
Em nota enviada à “Folha de S. Paulo”, a Anvisa reforçou a necessidade de uma política pública específica.
“Muitas vezes, as empresas alegam desinteresse econômico em virtude da política de preço praticado no Brasil. Assim, apontamos que é urgente discutir o aprimoramento do atual modelo da regulação, buscando promover o equilíbrio entre os lucros e os preços acessíveis para a sociedade”, registrou a agência.
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