Pesquisadores do departamento de neurologia da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, criaram uma tecnologia que utiliza inteligência artificial para diagnosticar, monitorar e auxiliar no tratamento da doença de Alzheimer.
O modelo faz parte de um estudo publicado recentemente na revista científica Nature Communications e interpreta toda a função do cérebro, em vez de regiões específicas, para identificar a relação entre a anatomia do órgão e a doença e seus sintomas, explicam os cientistas.
“Esse novo modelo pode avançar nossa compreensão de como o cérebro funciona e se decompõe durante o envelhecimento e durante a doença de Alzheimer, fornecendo novas maneiras de monitorar, prevenir e tratar distúrbios da mente”, disse o neurologista da Mayo Clinic e autor principal do estudo, diz David Jones, em comunicado.
Os responsáveis pelo trabalho explicam que a relação entre os sintomas da Alzheimer, os danos no cérebro e a anatomia do órgão não são muito claras, além de algumas pessoas terem mais de uma doença neurodegenerativa, o que torna o diagnóstico ainda mais difícil – uma realidade que pode mudar com o novo modelo criado pelos pesquisadores.
A novidade foi desenvolvida para funcionar a partir dos níveis de glicose no cérebro medidos com a ajuda de uma tomografia computadorizada.
Isso porque doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, a demência de corpos de Lewy e a demência frontotemporal, por exemplo, apresentam diferentes padrões de uso da glicose no órgão.
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No estudo, o modelo de inteligência artificial analisou 423 participantes que têm deficiências cognitivas. Ele funciona transformando a anatomia cerebral complexa, que envolve os sintomas da demência, em uma estrutura que identifica áreas do cérebro associadas a distúrbios neurodegenerativos e funções mentais de forma simples. Os padrões de imagem gerados foram diretamente relacionados aos sintomas que os pacientes contaram experimentar.
Com isso, os cientistas perceberam que 51% das variações nos padrões de uso de glicose no cérebro de pacientes com demência podem ser explicadas por apenas 10 padrões, e que cada paciente tem uma combinação única desses padrões que se relacionam com o tipo de sintomas que experimentam. Assim, é possível identificar a doença e também a forma como ela vai atuar no paciente.
Agora, os cientistas que desenvolveram a inteligência artificial estão trabalhando com esses 10 padrões para criar outros sistemas inteligentes que ajudem a interpretar de forma fácil exames cerebrais de pacientes que ainda estão sendo avaliados para a doença de Alzheimer e síndromes relacionadas.
"Este novo modelo computacional, com mais validação e suporte, tem o potencial de redirecionar os esforços científicos para se concentrar na dinâmica da biologia de sistemas complexos no estudo da mente e da demência, em vez de focar principalmente em proteínas mal dobradas", acrescenta Jones.
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