A Rede Genômica Fiocruz divulgou nesta sexta-feira novos dados a respeito das linhagens e variantes do vírus Sars-CoV-2 no Brasil. Os resultados mostram que as variantes mais frequentes no país são a BA.1.1, a BA.1.14, a BA.1 e a BA.1.15. Mas também já há registro das recombinantes Ômicron BA.1 e BA.2 (XE, XQ) e as recombinantes Ômicron e Delta (XS e XF).
Os pesquisadores ressaltam que a pandemia ainda não acabou e alertam que a vigilância genômica em todo o país deve continuar atuando de maneira homogênea, permitindo que seja possível detectar variantes que venham a surgir. Atualmente há cerca de 100 linhagens BA em todo o mundo.
Assim como ocorreu em outros países, observa-se no Brasil uma tendência de aumento de frequência de BA.2, em especial na Região Sul.
Os dados são computados semanalmente pela Rede Genômica Fiocruz, com a obtenção de dados da EpiCoV do GISAID (Global Initiative on Sharing All Influenza Data), uma plataforma internacional para compartilhamento de dados genômicos dos vírus de Influenza e Sars-CoV-2. Os dados se referem ao período de 15 de abril a 5 de maio.
Os dados divulgados também mostram que a Rede Genômica Fiocruz, até o momento, produziu e enviou para as vigilâncias e laboratórios estaduais 654 relatórios que continham um total de 41.638 genomas.
Destes, 40.203 genomas foram depositados na base de dados EpiCoV do GISAID pelas oito unidades de sequenciamento que operam na Fiocruz. Nas últimas três semanas (até 5 de maio), as unidades da Fundação produziram 604 genomas.
Os pesquisadores ressaltam que a recombinação viral é um evento raro, que ocorre quando duas linhagens do Sars-CoV-2 infectam o mesmo paciente.
Durante o processo de replicação viral pode ocorrer a origem de linhagens híbridas (recombinantes) que podem vir a ser transmitidas à população. Apesar de raro, isso já ocorreu algumas vezes na história evolutiva dos coronavírus e, portanto, merece monitoramento intenso.
Entretanto, discernir entre eventos de recombinação e coinfecção a partir de dados do sequenciamento não é uma tarefa trivial. Por isso, a Rede Genômica Fiocruz desenvolveu recentemente um software chamado ViralFlow, que produz resultados capazes de auxiliar no discernimento entre recombinação e coinfecção.
Por meio do uso desse pipeline, a Rede criou recomendações para a obtenção de evidências complementares sobre tais eventos. Essas recomendações foram apresentadas ao grupo técnico de evolução viral da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo pesquisador da Fiocruz Pernambuco Gabriel Wallau.