O primeiro participante dos estudos clínicos recebeu, nos Estados Unidos, uma dose do CF33-hNIS VAXINIA, um vírus desenvolvido para matar células cancerígenas como parte de um tratamento inovador. A tecnologia é desenvolvida pelo centro de pesquisa clínica americano City of Hope, em parceria com a empresa de biotecnologia Imugene Limited, da Austrália.
A fase 1 dos testes clínicos, que teve início neste mês, é a primeira em humanos e busca analisar a segurança da nova terapia. Em modelos de laboratório e animais, o vírus foi capaz de encolher tumores de pulmão, mama, ovário, pâncreas e cólon.
O microrganismo é um vírus oncolítico, uma nova modalidade que promete mudar o tratamento para tumores. Essa estratégia envolve utilizar um vírus para infectar as células cancerígenas e destruí-las.
Os patógenos são modificados geneticamente para que contaminem apenas as células cancerígenas, e não provoquem uma infecção na parte saudável do organismo.
“Curiosamente, as mesmas características que eventualmente tornam as células cancerígenas resistentes à quimioterapia ou a tratamentos de radiação, na verdade aumentam o sucesso de vírus oncolíticos, como o CF33-hNIS. Esperamos aproveitar a promessa de virologia e imunoterapia para o tratamento de uma ampla variedade de cânceres mortais”, afirmou o pesquisador em oncologia cirúrgica na City of Hope, e o principal desenvolvedor do vírus geneticamente modificado, Yuman Fong, em comunicado.
Em 2015, a Food and Drug Administration, agência reguladora dos Estados Unidos, chegou a aprovar o primeiro tratamento com um vírus oncolítico, o T-VEC, que utiliza uma versão alterada do agente causador da herpes para auxiliar no tratamento do melanoma avançado. Porém, se eficaz, a nova terapia que entrou em testes agora será a primeira destinada a uma ampla variedade de tumores.
Nessa primeira fase do estudo, foram selecionados participantes com tumores sólidos com metástase ou avançados, que tiveram pelo menos duas linhas anteriores de tratamento. A dose do CF33-hNIS é administrada como uma injeção diretamente no câncer ou via intravenosa.
Em caso de sucesso, serão incluídos 100 participantes na próxima etapa que receberão uma combinação do vírus oncolítico com uma forma de imunoterapia – tipo de tratamento que também vem crescendo e envolve estimular o próprio sistema imunológico a combater as células cancerígenas.
Isso porque, geralmente, os tumores desenvolvem proteínas chamadas de checkpoints. Esses componentes estão presentes em células saudáveis do organismo e indicam ao sistema de defesa que elas não devem ser combatidas. No caso do câncer, esse mecanismo atua como estratégia para que o corpo não o reconheça como um problema.
A imunoterapia já envolve medicamentos chamados de inibidores de checkpoint, que buscam eliminar essas proteínas do tumor e, com isso, estimular o sistema imunológico a atacar o câncer.
Mas nem sempre elas são eficazes, já que funcionam apenas para uma parcela dos tumores e para um pequeno número de pacientes. Agora, os vírus oncolíticos buscam ser mais uma estratégia para auxiliar na indução das células de defesa por meio da infecção do tumor.
Essas novas formas de tratamento têm crescido cada vez mais no campo da oncologia, especialmente por serem muito menos agressivas que a quimioterapia e a radioterapia e, com isso, oferecerem uma qualidade de vida muito superior ao paciente.
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