O Ministério da Saúde da Argentina confirmou o primeiro diagnóstico da varíola dos macacos na América Latina
, nesta sexta-feira. Em comunicado, a pasta afirmou ainda que monitora um possível segundo caso no país, em um turista que veio da Espanha. Ontem, a Bolívia também anunciou que analisa um caso suspeito da infecção pelo vírus monkeypox. A informação acendeu o alerta da vigilância da fronteira com o Brasil.
Segundo comunicado do Ministério de Saúde e Esportes boliviano, a possível infecção foi identificada na cidade de Santa Cruz de La Sierra em um homem de 26 anos que teve contato com duas pessoas que haviam chegado da Espanha, um dos países mais afetados pelo surto até o momento.
O presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul (COSEMS/MS), região que faz fronteira com o país, Rogério Leite, confirmou que o estado foi alertado sobre a suspeita.
“Toda a área de vigilância de fronteira entre o Brasil e a Bolívia estão em contato direto para que a gente possa ter uma maior segurança”, disse Leite em comunicado.
Na Argentina, o Ministério da Saúde informou que o possível segundo diagnóstico da varíola dos macacos no país também veio da Espanha, assim como o primeiro caso. De acordo com a pasta, ele chegou para visitar o país nesta quarta-feira e, no dia seguinte, começou a apresentar as lesões na pele características da doença.
"O paciente encontra-se em bom estado geral, isolado e recebendo tratamento para os sintomas. Os seus contatos próximos encontram-se em rigoroso acompanhamento clínico e epidemiológico, estando todos assintomáticos até à data de hoje", diz comunicado do ministério.
Surto é 'controlável'
Nesta sexta-feira, a diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Preparação Global para Riscos Infecciosos, Sylvie Briand, disse que “se tomarmos as medidas certas agora, podemos conter o surto” da varíola dos macacos em países não endêmicos.
"Investigação de casos, rastreamento de contatos, isolamento em casa (para infectados) serão suas melhores apostas", defendeu a chefe do secretariado de varíola da OMS, que faz parte do Programa de Emergências da organização, Rosamund Lewis.
Segundo a plataforma de dados Our World in Data, da Universidade John Hopkins, já são cerca de 330 casos relatados da doença em locais fora do continente africano desde o início do mês, em pelo menos 20 países.
O que é a varíola dos macacos?
Desde o início do mês, além das nações europeias, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Israel e Emirados Árabes Unidos também relataram infecções da varíola dos macacos. As nações mais afetadas até o momento são Reino Unido, Espanha e Portugal, que juntas concentram mais de 70% dos casos.
Os registros intrigam especialistas uma vez que a doença não era comum fora da África Central e Ocidental – onde a varíola dos macacos é endêmica. Isso porque, quando detectados nesses locais, os casos eram pontuais em pessoas que haviam retornado do continente africano. Porém, pela primeira vez, esses países vivem casos de transmissão local do patógeno.
A doença é uma versão semelhante à varíola erradicada em 1980, embora mais rara, mais leve e com a transmissão entre pessoas mais difícil de acontecer. Ela costuma ser passada de animais, principalmente roedores, para humanos. No entanto, os casos relatados até então têm se espalhado entre pessoas, o que preocupa autoridades de saúde.
O período de incubação do vírus monkeypox – tempo entre infecção e aparecimento de sintomas – é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias, segundo a OMS. Quando surgem, os sinais são febre, dor de cabeça, dores musculares e erupções na pele (lesões) que começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, principalmente as mãos e os pés. Geralmente, a doença é leve, e os sintomas desaparecem sozinhos dentro de duas a três semanas.
A transmissão entre humanos se dá pelo contato com lesões, fluidos corporais, compartilhamento de materiais contaminados e vias respiratórias. Isso inclui o contato íntimo, com uma série de registros sendo associados a relações sexuais.
Dados mostram que os imunizantes utilizados para erradicar a varíola tradicional, em 1980, são até 85% eficazes contra essa versão. Apesar de a cepa detectada nos países fora da África ter uma letalidade de 1%, não foram registrados óbitos até então.
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