A esquizofrenia afeta a forma como as pessoas agem, pensam e percebem a realidade. Em geral, a disfunção mental se manifesta na adolescência ou início da idade adulta, entre 20 e 30 anos de idade, e pode se agravar ao longo dos anos.
A doença é desencadeada por um somatório de fatores sociais, ambientais e genéticos, entretanto, pouco se sabe sobre as suas causas, o que dificulta o tratamento.
Por isso, diversas equipes de pesquisas se dedicam a tentar entender as raízes do problema. No mais recente trabalho sobre o estudo, pesquisadores da Universidade Médica e Odontológica de Tóquio, no Japão, identificaram, em alguns pacientes com esquizofrenia, um autoanticorpo que quando injetado em camundongos causou comportamentos e mudanças no cérebro semelhantes à esquizofrenia.
Normalmente, os anticorpos são gerados pelo sistema imunológico para combater um corpo estranho, como um vírus ou uma bactéria. No entanto, os autoanticorpos ocorrem por um defeito do sistema imune que identifica uma substância específica do próprio organismo do indivíduo como invasor.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores procurararam autoanticorpos contra NCAM1, molécula que ajuda as células do cérebro a falar umas com as outras por meio de conexões especializadas conhecidas como sinapse. Estudos anteriores haviam sugerido que essa molécula pode ter um papel no desenvolvimento da esquizofrenia.
A equipe então analisou 200 pessoas saudáveis, que serviram como grupo controle, e 200 pacientes com esquizofrenia. Esses autoanticorpos foram encontrados em 12 pacientes com a doença. De acordo com os autores, isso sugere que ele pode estar associado ao distúrbio, mesmo que apenas um pequeno número de casos da doença.
Em seguida, eles purificaram os autoanticorpos de alguns dos pacientes e os injetaram no cérebro de camundongos, para saber se esses autoanticorpos poderiam causar quaisquer alterações presentes na esquizofrenia.
"Os resultados foram impressionantes. Mesmo que os camundongos tenham esses autoanticorpos em seus cérebros por um curto período de tempo, eles tiveram mudanças em seu comportamento e sinapses semelhantes ao que é visto em humanos com esquizofrenia”, disse Hidehiko Takahashi, autor sênior do estudo, em comunicado.
Os camundongos que receberam os autoanticorpos dos paciente s com esquizofrenia apresentaram comprometimento cognitivo e alterações na regulação do reflexo de sobressalto, ambos observados em outros modelos animais da doença.
Eles também tinham menos sinapses e espinhas dendríticas, que são estruturas importantes para as conexões entre as células cerebrais, e também são afetadas na esquizofrenia.
Ainda são necessários mais trabalhos, mas se ficar confirmado que esse autoanticorpo está associado ao desenvolvimento da doença, isso pode levar a melhorias importantes no diagnóstico e tratamento da doença, mesmo que para um pequeno número de pacientes.
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