Na tentativa de conter o número crescente de casos da varíola dos macacos, Nova York começou nesta quinta-feira, 23, a vacinar homens homossexuais e bissexuais, com 18 anos ou mais, que tiveram múltiplos parceiros sexuais nos últimos 14 dias e que, consequentemente, estão com “alto risco” de pegar a doença. A cidade já contabiliza mais de 30 casos da enfermidade, sendo a maioria detectada dentro do grupo LGBT.
Antes, assim como em outras jurisdições americanas, a cidade só oferecia o imunizante a pessoas que tiveram contato próximo com infectados ou a pacientes com o resultado positivo para a doença. O imunizante utilizado é a Jynneostm, ou Jynneos, em um esquema de duas doses, com intervalo de 28 dias. O departamento de saúde americano destacou que ser vacinado logo após uma exposição reduz o risco de desenvolver a doença.
Por enquanto, apenas uma clínica faz a aplicação da vacina na cidade. A Chelsea Sexual Health Clinic recebeu cerca de mil doses. A fila na entrada do local na hora da abertura nesta quinta-feira já tinha mais de 100 pessoas. Após três horas, Nova York foi obrigada a suspender as consultas por conta da alta demanda. A clínica agora só atende com hora marcada, sendo que até segunda-feira, 27, não há mais horários disponíveis. As autoridades de saúde esperam disponibilizar mais vagas "em breve".
A vacinação ocorre pouco dias antes das comemorações do Orgulho LGBT na cidade, que estima atrair cerca de dois milhões de pessoas para as ruas de Nova York.
Na terça-feira, 21, o Reino Unido já havia anunciado a recomendação de vacinação de homens gays e bissexuais por serem o grupo de "maior risco de exposição ao vírus". O imunizante escolhido foi o mesmo - mas na Europa ele é chamado de Imvanex e foi licenciado previamente apenas para combater a varíola (smallpox).
Estudos apontam que a vacinação prévia contra a varíola pode ser eficaz contra a varíola dos macacos em até 85%, visto que ambos os vírus pertencem à mesma família e, portanto, existe um grau de proteção cruzada devido à homologia genética entre eles. Porém, a doença foi erradicada há mais de 40 anos e não existe atualmente vacinas disponíveis para o público em geral.
Os Estados Unidos já detectou um total de 156 casos do vírus em todo o país em quase metade de seus estados. A cidade de Nova York tem o maior surto de qualquer metrópole em todo o país. Em nível estadual, a Califórnia tem o maior surto com 40 casos, seguido pelo estado de Nova York e Illinois com 19.
Transmissão e prevenção
A doença é transmitida pelo contato próximo/íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. Esse contato pode ser por abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias próximas e por tempo prolongado.
Para se prevenir é preciso evitar o contato próximo ou íntimo com a pessoa doente até que todas as feridas tenham cicatrizado. É importante evitar o contato com qualquer material como roupas de cama, acessórios e vestimentas, que tenham sido utilizadas pelo enfermo e, claro, higienizar bem as mãos lavando-as com água e sabão, além do uso do álcool em gel em seguida.
Em caso de sintomas, os especialistas orientam a busca pelo serviço médico o mais rápido possível, assim como na situação de contato com pessoas sintomáticas.
Sintomas
Os sintomas mais comuns da doença são febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, linfonodos inchados, calafrios ou cansaço. De um a três dias após o início desses sintomas, as pessoas desenvolvem lesões de pele encontradas principalmente no rosto, nas mãos, nos pés e na boca. O período de incubação do vírus é longo, geralmente de 6 a 13 dias, mas podendo variar de 5 a 21 dias, o que pode levar a uma demora para o surgimento dos sinais. A doença costuma apresentar um quadro leve, e as manifestações desaparecem sozinhas dentro de duas a três semanas.
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