A Gerência-Geral de Medicamentos (GGMED) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou o aval para o uso da CoronaVac em crianças a partir de 3 anos desde que não sejam imunocomprometidas, isto é, que não tenham a imunidade fragilizada por câncer, HIV/Aids ou transplante, por exemplo. A indicação é de duas doses com 28 dias de intervalo.
Segundo o gerente-geral da área, Gustavo Mendes, as evidências científicas disponíveis até o momento mostram benefícios na aplicação. Ainda não houve votação. Pareceres de sociedades médicas compuseram a orientação.
O Instituto Butantan apresentou o pedido à Anvisa para ampliar a faixa etária em 11 de março, com dados para subsidiar a análise. De lá para cá, a agência solicitou informações ao centro de pesquisa. Resultado do uso da vacina em crianças também foram fornecidos pelo Ministério da Saúde do Chile e do Projeto Curumim, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Como antecipado pelo GLOBO, a pesquisa brasileira revela que a CoronaVac gerou de três a quatro vezes mais anticorpos neutralizantes no grupo de 3 a 5 anos em relação aos adultos. Na comparação com o público de 6 a 17 anos, o número de células de defesa duplicou.
De acordo com a pesquisa, todos os participantes que não contraíram a Covid-19 antes de receber a vacina produziram anticorpos, ou seja, houve 100% de soroconversão. O total de células de defesa mais do que quadruplicou em relação aos que já haviam se infectado.
Especialistas defenderam a eficácia e a segurança do imunizante para o público mirim:
"A doença é muito menos grave nas crianças que nos adultos, mas isso não significa que ela não traga riscos de hospitalização e de morte. Esse risco é comparável ou até mesmo maior do que o de diversas outras doenças infecciosas que, hoje, são alvo de diversos programas de prevenção com vacinas aqui no Brasil. Até o momento no país, já registramos, abaixo de 5 anos, mais de 12 mil hospitalizações e 952 mortes atribuídas à Covid-19", afirma o professor de Pediatria e de Infectologia da Santa Casa de São Paulo, Marco Aurélio Sáfadi.
Dados do Estudo Immunita, do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), mostram aumento significativo de anticorpos contra a Covid-19 em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos vacinas com duas doses de CoronaVac.
Segundo os pesquisadores, a vacina gerou maior quantidade de anticorpos quanto menor a idade. Os participantes receberam duas doses, com 28 dias de intervalo, e foram acompanhados periodicamente para medir a imunidade.