A hipertensão pode desencadear ataques cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC), duas das principais causas de morte no mundo. Normalmente, a pressão arterial é medida em apenas um braço. Entretanto, um estudo publicado recentemente na revista científica Hypertension indica que aferir a medida nos dois braços aumenta em 12% a detecção de pacientes com o problema.
“A pressão alta é um problema global e a má gestão pode ser fatal. A falha em medir os dois braços e usar a leitura mais alta não apenas resultará em subdiagnóstico e subtratamento da pressão alta, mas também em subestimar os riscos para milhões de pessoas em todo o mundo. É impossível prever o melhor braço [para medir a pressão], pois algumas pessoas têm uma leitura mais alta no braço esquerdo em comparação com o direito e outras, o oposto. Portanto, é importante verificar ambos os braços.”, afirma o pesquisador Christopher Clark, médico da Universidade de Exeter em Devon, no Reino Unido.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram mais de 50 mil participantes, com 60 anos de idade, em média, de 23 estudos em países ao redor do mundo. Todos os voluntários tiveram leituras de pressão arterial feitas no braço esquerdo e direito, em vez de apenas em um.
A pressão arterial descreve a força com que o sangue empurra os lados das artérias e é medida em milímetros de mercúrio (ou mmHg). A sistólica (o número superior) reflete a força do coração quando bombeia sangue pelo corpo. Enquanto isso, a diastólica (a parte inferior) mede a pressão quando o coração descansa entre as batidas. Se um dos números for muito alto, isso pode sobrecarregar as artérias e os órgãos. Entretanto, o número sistólico é mais preocupante.
A pressão arterial é considerada alta quando está acima de 130 por 80 milímetros de mercúrio (mmHg), a popular 13 por 8. A medida foi atualizada em 2018, em uma nova diretriz da Associação Americana do Coração em conjunto com o Colégio Americano de Cardiologia. Anteriormente, só era considerada hipertensão a pressão arterial acima de 140 por 90 ou 14 por 9.
Os resultados do novo estudo mostraram que havia uma diferença média de 6,6 mmHg na pressão sistólica entre os braços. Quando ambas as leituras foram consideradas, quase 6.500 participantes a mais foram diagnosticados com hipertensão. A diferença de medição entre os braços pode ser causada por artérias bloqueadas.
Como a hipertensão também é usada para ajudar a calcular o risco de doença cardiovascular de uma pessoa, a falta de um diagnóstico pode ter sérias consequências, alertam os autores.
Os pesquisadores ressaltam que as diretrizes internacionais já aconselhem a verificação da pressão arterial em ambos os braços. No entanto, a prática não é amplamente adotada, o que pode colocar milhares de pessoas em risco.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.