Varíola dos macacos: confira sintomas pouco conhecidos da doença
Divulgação - 17.08.2022
Varíola dos macacos: confira sintomas pouco conhecidos da doença

Na semana passada, o H.Olhos, em São Paulo, registrou um primeiro paciente com varíola dos macacos que, além de lesões na pele, febre e dores de cabeça, desenvolveu um quadro de conjuntivite pela doença.

Foram coletadas amostras do material presente nas lesões oculares, que indicaram a presença do vírus monkeypox também ali. O quadro, no entanto, embora não tão conhecido, é um sintoma já relatado da doença, que pode acometer ainda outras partes do corpo além da pele.

Em um artigo publicado na revista científica Eye, do grupo Nature, pesquisadores internacionais escreveram neste ano sobre as lesões oculares da varíola símia.

"As evidências disponíveis destacam a presença de várias manifestações oftalmológicas, ainda não frequentes (no surto atual), associadas a esse vírus. Dada a carga atual da doença, tais sintomas devem ser reconhecidos pelos profissionais de saúde, principalmente os oftalmologistas”, escreveram os autores.

Os dados são baseados nos surtos anteriores da doença, registrados nos países africanos em que o vírus era endêmico. Mas já apontavam uma prevalência de, além de conjuntivite, casos da doença associados a edemas das pálpebras, fotofobia (sensibilidade exacerbada à luz), infecções na córnea e blefarite (uma inflamação das bordas das pálpebras). Dores de cabeça na região frontal também foram ligadas a efeitos da doença nos olhos.

Outro sintoma que também é causado pelo vírus, mas não tão conhecido, é a amigdalite – infecção das amígdalas. Esse tem sido mais ligado ao surto atual, que apresenta algumas características diferentes das observadas nos casos anteriores na África.

Há diversos estudos que buscam identificar as apresentações clínicas da doença desde maio, quando o primeiro caso fora do continente africano foi registrado em transmissão comunitária. Um deles, publicado na revista científica The Lancet por pesquisadores espanhóis, aponta que a amigdalite foi uma manifestação em 10% de 181 pacientes analisados.

Destes 19 infectados que tiveram o sintoma, 95% (18) relataram ter realizado sexo oral recentemente. O dado, junto à prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) concomitantes à varíola e aos contágios associados a eventos sexuais, levaram os pesquisadores a escreverem que “contato próximo durante o sexo é a forma dominante de transmissão da doença no surto atual”.

A via de contaminação também leva a outros sintomas pouco conhecidos, mas relatados, do novo surto. Um deles é a proctite, uma inflamação no revestimento interno do ânus, registrada em 25% dos infectados que fizeram parte do estudo. Além disso, 8% tiveram edemas no pênis. Embora os casos no estudo tenham demandado tratamento, e 3% dos pacientes tenham sido hospitalizados para controle da dor, não houve mortes no grupo avaliado.

Apesar de a varíola dos macacos promover quadros que podem ser extremamente dolorosos e envolver sintomas incômodos, como as bolhas pela pele, o risco para óbito é predominantemente para pessoas imunossuprimidas, idosos e crianças, que são mais vulneráveis à infecção pelo vírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são mais de 50 mil diagnósticos pelo mundo desde maio, porém pouco menos de 20 óbitos.

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