![Partículas do vírus da varíola dos macacos (amarelo) encontradas dentro de uma célula infectada (verde), cultivadas em laboratório Partículas do vírus da varíola dos macacos (amarelo) encontradas dentro de uma célula infectada (verde), cultivadas em laboratório](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/25/rb/1r/25rb1relfswu2dqmstb67p8tg.jpg)
O Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, implementou um novo método de sequenciamento do vírus monkeypox, causador da varíola dos macacos, inédito no país. A estratégia tem como principais benefícios a redução do custo, economia que chega a 13,5 mil reais por amostra, e a consequente maior capacidade de processamento de materiais, o que amplia a vigilância genômica e a eventual identificação de mutações no microrganismo.
“Apesar de o vírus monkeypox apresentar, em tese, menores taxas de mutação que os vírus de RNA, como o do novo coronavírus, a implantação de uma metodologia que diminua custos e possibilite a obtenção de um panorama genético de sua circulação de maneira mais ágil se constitui em uma importante ferramenta para auxiliar a investigação de eventuais mudanças no perfil da doença”, explica o médico infectologista e secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Estado de São Paulo, pasta à qual o laboratório é vinculado, David Uip.
Essa redução do valor investido em cada sequenciamento é porque a técnica utiliza uma espécie de filtragem para garantir que as amostras de DNA analisadas sejam quase totalmente compostas pela carga do vírus. Em comparação, o método antigo, chamado de metagenômico, envolvia menos de 5% do material genético do monkeypox, já que grande parte da coleta era misturada com DNA humano e bactérias do ambiente.
Para isso, são utilizados amplicons, fragmentos de DNA amplificados que atuam como uma espécie de imã atraindo o material genético do vírus durante a filtragem, e eliminando o restante. Assim, é possível analisar mais amostras completas do microrganismo com um número menor de sequenciamentos.
Segundo o epidemiologista e diretor do Centro de Respostas do Instituto Adolfo Lutz, Adriano Abbud, essa filtragem permite que o número de amostras processadas em cada sequenciamento chegue a 40 unidades, contra apenas 4 possíveis pelo método convencional. Consequentemente, os custos de cada amostra diminuem de 15 mil reais para cerca de 1,5 mil.
No último dia 25 de agosto, o Instituto Adolfo Lutz depositou no GISAID – banco de dados mundial para sequências de genoma – as primeiras 40 amostras sequenciadas com a nova metodologia.
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