O Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, implementou um novo método de sequenciamento do vírus monkeypox, causador da varíola dos macacos, inédito no país. A estratégia tem como principais benefícios a redução do custo, economia que chega a 13,5 mil reais por amostra, e a consequente maior capacidade de processamento de materiais, o que amplia a vigilância genômica e a eventual identificação de mutações no microrganismo.
“Apesar de o vírus monkeypox apresentar, em tese, menores taxas de mutação que os vírus de RNA, como o do novo coronavírus, a implantação de uma metodologia que diminua custos e possibilite a obtenção de um panorama genético de sua circulação de maneira mais ágil se constitui em uma importante ferramenta para auxiliar a investigação de eventuais mudanças no perfil da doença”, explica o médico infectologista e secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Estado de São Paulo, pasta à qual o laboratório é vinculado, David Uip.
Essa redução do valor investido em cada sequenciamento é porque a técnica utiliza uma espécie de filtragem para garantir que as amostras de DNA analisadas sejam quase totalmente compostas pela carga do vírus. Em comparação, o método antigo, chamado de metagenômico, envolvia menos de 5% do material genético do monkeypox, já que grande parte da coleta era misturada com DNA humano e bactérias do ambiente.
Para isso, são utilizados amplicons, fragmentos de DNA amplificados que atuam como uma espécie de imã atraindo o material genético do vírus durante a filtragem, e eliminando o restante. Assim, é possível analisar mais amostras completas do microrganismo com um número menor de sequenciamentos.
Segundo o epidemiologista e diretor do Centro de Respostas do Instituto Adolfo Lutz, Adriano Abbud, essa filtragem permite que o número de amostras processadas em cada sequenciamento chegue a 40 unidades, contra apenas 4 possíveis pelo método convencional. Consequentemente, os custos de cada amostra diminuem de 15 mil reais para cerca de 1,5 mil.
No último dia 25 de agosto, o Instituto Adolfo Lutz depositou no GISAID – banco de dados mundial para sequências de genoma – as primeiras 40 amostras sequenciadas com a nova metodologia.
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