A poluição pode ser um grande problema para os homens. Um estudo realizado por cientistas chineses, publicado na revista Jama Network, identificou que há uma associação entre a redução da velocidade dos espermatozoides com a exposição do indivíduo às partículas sólidas e líquidas na atmosfera.
Segundo a pesquisa, homens que vivem em locais com altos índices de poluição, maior a probabilidade de enfrentar problemas de fertilidade. Isso porque pode ocasionar na má qualidade do sêmen, reduzindo a velocidade de nado do espermatozoide, não alcançando o óvulo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tema um problema de saúde pública global, atingindo cerca de 10% dos casais em idade reprodutiva. Por conta disso, cientistas e médicos estão usando a tecnologia para tratar d ocaso.
"O sistema reprodutivo masculino é vulnerável às substâncias químicas e ao ambiente físico. A exposição ocupacional a químicos, o uso de álcool, drogas, medicamentos e anabolizantes esteroides podem reduzir a produção de espermatozoides e andrógenos pelos testículos, além de afetar a libido e potência do homem. O monóxido de carbono é um dos fatores mais prejudiciais a qualidade da quantidade espermática", explica o especialista em reprodução humana assistida, o médico João Ricardo Auler, diretor da Clínica Pró Nascer (RJ) e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
O doutor relata que 70% dos casos de infertilidade em homens que chegam ao seu local de trabalho são de origem indefinida. Ele conta que isso pode estar associado com a poluição.
"Existe nos dias de hoje técnicas que lançamos mão para melhorar a qualidade e a agilidade dos espermatozoides. Com uso de tecnologia de ponta conseguimos identificar as células do esperma se movendo em alta velocidade e, assim, selecionar o de melhor qualidade para ser introduzido no óvulo durante a fertilização in vitro(FIV). Esse procedimento aumenta consideravelmente a chance de a mulher engravidar”, comenta.
O estudo avaliou, de 2013 a 2019, os espermas de quase 34 mil homens com idade média de 34 anos. Todos possuem filhos através da FIV. Os que vivem em locais com uma determinada quantidade de material particulado de menor tamanho tiveram maior deficiência na motilidade dos gametas.
"Quando expostos ao material particulado menor que 2,5 micrômetros de diâmetro, os avaliados apresentaram diminuição estimada na motilidade dos espermatozoides de 3,6%, enquanto que, quando expostos a material particulado de 10 micrômetros de diâmetro, houve 2,44% menos motilidade dos espermatozoides", diz trecho do estudo.
"Há anos desconfiamos dessa relação entre poluição e qualidade do espermatozoide. Agora, precisamos buscar mais comprovações nesse sentido e, assim, encontrar métodos mais eficientes para tratar a infertilidade e, principalmente, isolar as suas causas", diz o médico.
Uso da tecnologia
Por conta disso, a ciência tem sido usada para solucionar esse tipo de problema em homens. “Apesar de ser necessário apenas um espermatozoide para a fertilização, é fundamental a presença da enzima proveniente de muitos espermatozoides para que ocorra a ruptura dos tecidos que envolvem o oócito, permitindo a penetração do espermatozoide no seu citoplasma. A principal causa de infertilidade masculina é justamente a incapacidade de produzir espermatozoides saudáveis suficientes para que esse processo ocorra”, conta Auler.
O especialista conta que é possível reverter casos de infertilidade com técnicas e equipamentos que servem para melhorar a agilidade e qualidade dos espermatozoides. “É como se a gente turbinasse esse material”, conclui Auler.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram
e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.