Obesidade é considerada um 'quadro base' para outras doenças
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Obesidade é considerada um 'quadro base' para outras doenças

A genética é área científica que estuda a transmissão de características físicas e biológicas de um indivíduo para outro, denominado hereditariedade.

Estudos sobre a obesidade têm apontado cada vez mais a influência direta que o DNA de nossos ancestrais sobre nossa saúde - mostrando que, em alguns casos, é preciso de muito mais que apenas hábitos saudáveis para não ser acometido pelo quadro.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal em diferentes partes do corpo. Esse acúmulo pode desencadear um alto grau de inflamação, levando à coexistência de vários fatores de risco para a saúde.

A obesidade seria um 'quadro base' para a associação com outras doenças, como diabetes, dislipidemias, síndrome metabólica, aterosclerose, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares, distúrbios do sono, entre outros.

A genética tem parte muito importante no desenvolvimento da obesidade. Com certeza você conhece uma pessoa que passa o dia na academia dando tudo de si, controla a alimentação e, mesmo assim, tem dificuldade para emagrecer - enquanto outras pessoas conseguem isso de maneira muito rápida.

Essas discrepâncias mostram como cada um tem características ímpares, que podem ser atribuídas a alterações nos nossos genes, chamados de polimorfismos. Alguns desses polimorfismos nos favorecem ou não, ou seja, se funcionamos no modelo 1.0 ou no modelo 2.0, com maior ou menor eficiência, conforme explicou ao O Globo a professora Annete Marum, nutricionista e doutoranda em Genética.

O gene FTO é o mais estudado e está relacionado à obesidade, ao nível de saciedade e à compulsão alimentar. Pessoas com poliformismos nesse gene apresentam maior produção de células de gordura, menor queima de gordura para produção de calor e maior nível de grelina, o hormônio da fome. Estima-se que há um gasto energético 30% menor se comparado a pessoas que não possuem essa alteração.

Já a vontade de procurar algo para beliscar pode ser explicada pela alteração no gene LEPR, responsável por fornecer informações para a produção de uma proteína denominada receptor de leptina (hormônio da saciedade). Se há mudanças nesse gene, a produção desse receptor é afetada, e o sinal da saciedade não é enviado.

Pessoas que têm dificuldade em perder peso podem apresentar poliformismos no gene PLIN1, que tem relação com a forma como cada um processa, absorve e usa a energia e as calorias dos alimentos. Já as alterações no gene MC4R causam aumento da vontade de comer, associado ao comprometimento da sensação de saciedade, tão importante no controle da alimentação e que impacta diretamente no processo de ganho de peso.

Há ainda outros genes que predispõem à sensibilidade do corpo às gorduras, aos carboidratos, às proteínas e ao sal, aumentando a influência da genética no aparecimento da obesidade. 

É importante relembrar que a genética não é o principal fator que causa a obesidade - a epigenética, que é a interação entre o meio ambiente (dieta adequada, atividade física, gerenciamento do sono e do estresse, por exemplo) e o gene, pode funcionar como um botão de liga/ desliga na expressão desses genes.

De qualquer maneira, ter o acompanhamento de profissionais da saúde adequados e manter um estilo de vida saudável é imprescindível não só para prevenir a obesidade, mas também outros quadros prejudiciais.

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