Pesquisadores tentam descobrir o porquê algumas pessoas parecem ter uma proteção natural à Covid-19. Dois estudos brasileiros, publicados recentemente, podem ajudar a responder essa questão.
No primeiro deles, os cientistas analisaram 142 pessoas. Destas, 87 tinham mais de 90 anos, que apresentaram apenas sintomas leves da Covid-19 ou que permaneceram assintomáticas após testarem positivo para o novo coronavírus. As outras 55 eram pessoas com menos de 60 anos, que desenvolveram quadros graves ou a morreram em decorrência da doença.
O objetivo era encontrar possíveis genes de resistência ao SARS-CoV-2 e entender mecanismos envolvidos na proteção a idosos, que são considerados grupos de risco, e no desenvolvimento de casos graves em pessoas mais jovens.
Os resultados mostraram que o grupo com Covid-19 leve apresentou duas vezes mais variantes do gene MUC22, em comparação com os pacientes com casos graves. Essa variante também apareceu com mais frequência nos superidosos resilientes, que não desenvolveram a doença, apesar da infecção.
A hipótese dos pesquisadores é que essas mutações estejam atuando na redução da resposta imune hiperativa contra o SARS-CoV-2. Isso conferiria proteção das vias aéreas contra o vírus.
A equipe também encontrou outros gois genes associados a resposta do organismo contra o Sars-CoV-2. Esses achados só foram possíveis por usar amostras de população miscigenada, como é o caso do Brasil.
A terceira descoberta está ligada a uma variante do gene HLA-A, que apareceu duas vezes mais em indivíduos que apresentaram a forma grave da doença. Esse gene é um dos responsáveis por mostrar para as células de defesa quais proteínas estão dentro daquela célula.
No outro estudo, os cientistas concluíram que não apenas a genética, mas também a evolução clínica afetam a intensidade da resposta ao coronavírus e à presença de sintomas de longo prazo.
De acordo com os pesquisadores, a genética explicaria o fato de os dois terem sido infectados simultaneamente e desenvolvido uma forma grave da doença. Já a evolução clínica, caracterizada pelo tempo de internação mais longo de apenas um deles, estaria associada à Covid longa.
*Com informações da Agência O Globo
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