Bless, Gio Ewbank e Bruno Gagliasso
Reprodução: Instagram - 01/02/2023
Bless, Gio Ewbank e Bruno Gagliasso

Durante o podcast "Quem Pode, Pod", a apresentadora e atriz Giovanna Ewbank revelou que o filho de 8 anos, Bless , tem uma condição chamada Transtorno de processamento Sensorial (TPS) . O diagnóstico inclui sintomas como visão, audição, tato e faro hipersensíveis ou hiposensíveis.

"Ele ouve mais do que nós todos, sente mais o tato que nós todos, sente mais cheiro”, contou Ewbank durante o programa. Ela procurou um especialista quando percebeu que o filho não se sentia confortável em pisar na grama e se incomodava com o cheiro de cebolas.

O que é o Transtorno de Processamento Sensorial?

"O Transtorno de Processamento Sensorial é uma condição neurofisiológica em que crianças e adultos tem dificuldade na percepção, na discriminação e na resposta a informações sensoriais", disse Patrícia Junqueira, fonoaudióloga e diretora do Instituto de Desenvolvimento Infantil, local referência em terapia ocupacional e integração sensorial.

"Um exemplo muito clássico de crianças com Transtorno do Processamento Sensorial é que elas podem ter muita dificuldade para se alimentar, porque comer é um dos atos mais sensoriais que temos. Quando a gente põe na boca tem o paladar, tem a audição, quando a gente mastiga faz um barulho, tem o cheiro, então para a criança que tem o transtorno, integrar todos esses sentidos na hora de comer é desafiador", explica a fonoaudióloga.

Quando é possível fazer o diagnóstico?

Segundo a especialista, a condição é comum em bebês prematuros com idade gestacional abaixo de 37 semanas e crianças típicas e atípicas.

"O Transtorno do Processamento Sensorial é muito frequente também de 30 a 80% na população que possui alguma comorbidade, por exemplo, crianças que têm Transtorno do Espectro Autista, crianças com Síndrome de Down, paralisia cerebral. Porém, de 5 a 16% da população de crianças típicas podem apresentar (o TPS), o que dificulta o diagnóstico porque muitas pessoas e muitos profissionais da área de saúde desconhecem essa condição", disse Patrícia.

Como identificar o Transtorno de Processamento Sensorial?

"Muitas vezes a criança não quer olhar, não quer comer, não põe o pé na areia, não gosta de ficar descalço na grama, se incomoda com barulho, muitas vezes isso tudo faz parte dessa condição", esclarece a fonoaudióloga.

Patrícia Junqueira relata ainda, como diretora e fundadora do Instituto de Desenvolvimento Infantil, que muitos pais a procuram para o tratamento ao notarem uma dificuldade na alimentação dos filhos.

"Os pais vão procurar tratamento muitas vezes por conta da alimentação, do incômodo que eles apresentam. Às vezes a escola que começa a se referir sobre esse incômodo. Muitas vezes o diagnóstico é difícil, porque ele não é uma doença, então tem que ser feito por profissionais que entendam do desenvolvimento e que entendam de processamento sensorial", diz Junqueira.

Autismo e o TPS


Segundo Patrícia Junqueira, o TPS pode ser confundido com o Transtorno de Espectro Autista, isso porque a criança diagnosticada autista também terá a condição de distúrbios sensoriais, enquanto quem tiver a condição de Transtorno de Processamento Sensorial não necessariamente é autista.

"Toda criança que está dentro do espectro autista tem uma condição de Transtorno do Processamento Sensorial, por isso que os autistas têm  determinados comportamentos de movimentação, ele não percebe o corpo dele, então ele estimula para perceber o corpo, o barulho é ruim, o visual. O grande desafio da criança dentro do espectro autista é a parte sensorial, agora a criança que tem um Transtorno do Processamento Sensorial não é autista", afirma a fonoaudióloga.

Junqueira ressalta ainda que, a criança ao não ser diagnosticada com o espectro autista, pode ter a condição de TPS não levada a sério, tratada até como "frescura".

"Muitas vezes é confundido e o diagnóstico fica "ah então é frescura", porque ele não é autista. Existe até no meio dos profissionais que desconhecem essa condição. Crianças passam às vezes uma vida inteira com a qualidade de vida prejudicadíssima. Crianças, por exemplo, que não entram no buffet infantil, que não conseguem brincar no parque, que não podem viajar", diz Patrícia.

Como é feito o tratamento?

"São várias vertentes, mas, em geral, é feita uma terapia de processamento sensorial realizada por um terapeuta ocupacional. Em outros países, o fisioterapeuta também pode fazer ou fonoaudiólogo também, aqui no Brasil não é autorizado, só os terapeutas ocupacionais que tem a formação em Interação Sensorial podem realizar o tratamento. A sala de integração sensorial é preparada para atender essas crianças, então a terapia vai ajudá-la a modular aquela entrada sensorial", explica a especialista.

Patrícia diz também que na terapia, "a criança vai aprender a discriminar, que é o que promove a integração sensorial". Segundo a especialista, o espaço de terapia das crianças é "uma sala lúdica, tem piscina de bolinha, tem parede de escalada, porque é no brincar que a criança vai aprender a modular e discriminar. É num ambiente protegido que ela vai se arriscar, então de grande importância a terapia de integração sensorial", finaliza a fonoaudióloga.





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