Os meses iniciais do ano são marcados pela divulgação dos resultados dos vestibulares
por todo o país, além da tão aguardada nota
do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Os alunos que estão nesta ânsia de saberem os resultados, acabam passando por um momento de grande ansiedade
que, consequentemente, acabam se refletindo na saúde mental
dos mesmos.
O psicólogo do Saúde Minuto, Ricardo Milito, explica que os estudantes, nessas épocas de espera dos resultados dos vestibulares, podem desenvolver quadros de “transtornos de pânico”, como ansiedade e depressão. “Acaba sendo um período conhecido por muita pressão, muita cobrança, com um clima de competição e, às vezes, de comparações com os amigos ou com outros jovens”.
Milito lembra que este momento reflete em uma mudança muito grande nas vidas desses jovens, que muitas vezes se deparam com a dúvida sobre o curso prestado, na mudança de cidade, na nova rotina que pode levar o jovem a ter que trabalhar para se sustentar no novo lugar, e o distanciamento dos amigos e de pessoas importantes. ”Isso tudo gera muito medo, insegurança, levando à ansiedade e ao estresse”.
O psiquiatra e médico acupunturista do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), Dr. Agamenon Honório, completa que o fato de estar sendo avaliado aumenta o estado de estresse. “Este ‘serei aprovado’ ou ‘não serei’ traz aquela sensação da derrota, gerando um estágio catastrófico para alguns”. Ele ressalta que "o nosso neuropsiquiátrico entra quase como um sistema de pânico, levantando sintomas físicos e sintomas mentais.”
Dr. Honório desenvolve os sintomas em que as pessoas devem estar de olho e, assim, conseguir contatar um especialista para que cuide do caso. “Pode haver sintomas vegetativos, como tonturas, mal-estar, falta de concentração, memória alterada, sensação de desmaios e alterações no sono, nervosismo acentuado, entre outros sintomas que fogem da nossa rotina. Isso acaba se refletindo no corpo, levando a doenças físicas, como eczemas na pele, alterações gastrointestinais, diarreia, gastrite e problemas oculares”.
O psiquiatra detalha algumas características que devem ser levadas em consideração para se procurar um profissional: “São exemplo de estado de ansiedade crônica pessoas que evitam lugares, pessoas, situações, convívio social, que se isolam, possuem uma timidez muito intensa, que se recolhem, que não se comunicam dentro e fora de casa e que, a partir disso, começa a apresentar irritabilidade.”
Familiares e amigos
Para Milito, o papel da família neste momento é de extrema importância. “É importante que os familiares e os amigos estimulem esse jovem a falar sobre os seus medos e sobre suas expectativas”, explica o psicólogo, que completa dizendo que é necessário que lembrem que “o esforço que ele teve não vai ser perdido, que existem possibilidades dele fazer novamente, tentar um outro curso, uma outra Universidade, mostrando que outras pessoas também não não passaram”, desmistificando essa imagem de culpa que eles criam por não terem conseguido.
O psicólogo pede para que as pessoas próximas trabalhem para que o jovem tenha uma desconexão nestes momentos, ao qual “é importante tentar levá-lo para fazer atividades prazerosas, tirá-lo um pouco daquela ansiedade e atenção do jovem da espera das notas. Então, fazer com que ele entenda que o importante, no final de tudo, é não desistir dos seus sonhos e que ele é capaz.”
Dr. Honório coloca como uma alternativa a acupuntura para que o jovem relaxe neste momento. “Isso equilibra o sistema nervoso através da liberação de endorfinas, que são substâncias neurotransmissoras produzidas no nosso corpo e que conseguem acalmar e diminuir a ansiedade”.
Casos extremos
Sobre os casos mais extremos, ao qual o grau de ansiedade do aluno chega a refletir no corpo com feridas, queda de cabelo (alopecia) e de pelos do corpo como sobrancelhas e barba, ambos os profissionais são categóricos em dizer que é necessário a procura de um médico especializado na psique humana. “O corpo é um reflexo do nosso interior”, diz Dr Honório.
Ricardo Milito afirma que a visita a um psiquiatra é de “extrema importância para se ter um diagnóstico”, para ser identificado se o jovem em questão precisará de uma psicoterapia com medicamentos, além de procurar outros profissionais, como dermatologistas e gastroenterologista.