Márcia Regina Cominetti, coordenadora da pesquisa, conta que parte da importância desse estudo é permitir que a pessoa que foi diagnosticada consiga adotar estratégias que previnam ou diminuam a progressão da doença.
Divulgação/UFSCar
Márcia Regina Cominetti, coordenadora da pesquisa, conta que parte da importância desse estudo é permitir que a pessoa que foi diagnosticada consiga adotar estratégias que previnam ou diminuam a progressão da doença.

Cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão desenvolvendo uma pesquisa que pode contribuir no diagnóstico precoce de Alzheimer. 

A professora Márcia Regina Cominetti, coordenadora da pesquisa, conta que parte da importância desse estudo é permitir que a pessoa que foi diagnosticada consiga adotar estratégias que previnam ou diminuam a progressão da doença de Alzheimer.

O método, desenvolvido por Márcia, Ronaldo Censi Faria, Tássia Regina de Oliveira, Camila Regina Erbereli e Patrícia Regina Manzine Moralle, do Departamento de Química e de Gerontologia da UFSCar, consiste no desenvolvimento de uma tecnologia a partir da molécula biomarcadora ADAM10, presente no sangue.

Em nova etapa da pesquisa serão selecionados voluntários, com mais de 60 anos, divididos entre saudáveis, portadores de Alzheimer e pessoas com transtorno de memória sem diagnóstico. O objetivo é comprovar os estudos de que a proteína ADAM10 sofre alteração em pessoas com Alzheimer.

“A nossa pesquisa utilizando esse biomarcador, que é a ADAM10, é inovadora, primeiro porque esse biomarcador não é clássico da área, mas segundo e mais importante é porque essa proteína é avaliada pelo sangue”, conta a professora.

Mais rápido e barato

A pesquisadora aponta que o estudo é de fundamental importância para diagnosticar a doença em uma fase inicial, já que os métodos atuais só detectam a doença em estágios avançados.

“Os primeiros sinais da doença de Alzheimer podem aparecer no cérebro e no sangue de dez a vinte anos antes do início dos sintomas clínicos, quando a pessoa começa a ter esquecimento”, diz Márcia.

Outro diferencial da proposta é que o biomarcador age de forma menos invasiva que os exames usados atualmente, como o de líquor, além de ser mais acessível do que exames de imagem.

Tratamento

Ela conta que nos últimos anos foram lançados novos medicamentos que são modificadores da doença: “Esses medicamentos ainda não estão aprovados no Brasil, estão aprovados para uso emergencial nos Estados Unidos, e parece que estão ajudando a retardar os sintomas da doença”.

Mas outra estratégia significativa de tratamento para os diagnosticados com a doença é a terapia cognitiva, que estimula a memória e a concentração do paciente. “A partir do momento que a pessoa tem o diagnóstico ela pode usar essas estratégias para que a progressão da doença seja mais lenta. Então adotar um estilo de vida saudável, com exercícios e alimentação, e fazer esses programas de estimulação cognitiva vão acabar fazendo com que a doença progrida de uma forma mais lenta”, diz a pesquisadora.

A doença

O Alzheimer é a forma mais comum de demência e surge, em maior parte dos casos, em pessoas idosas. A doença tem causa desconhecida, mas é progressiva e, até o momento, não tem cura. Ela age no comprometimento da memória, podendo desencadear os seguintes sintomas:

  • Esquecer de eventos recentes ou informações importantes;
  • Desorientação no tempo e no espaço, não saber que dia, mês ou ano está ou não reconhecer um lugar familiar;
  • Em estágios mais avançados, há dificuldade de comunicação;
  • Problemas de tomada de decisão;
  • Dificuldade de lidar com conceitos abstratos;
  • Mudança de humor e personalidade (irritabilidade e apatia;
  • Perda da iniciativa, falta de motivação para realizar atividades diárias;
  • Em fases mais avançadas, dificuldade de comunicação.


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