Entenda os riscos de fazer uma cirurgia bariátrica
Reprodução: Instagram Jojo Todynho
Entenda os riscos de fazer uma cirurgia bariátrica

Popularmente conhecida como "redução de estômago", a cirurgia bariátrica é indicada para a redução de peso em pessoas obesas. O procedimento representa uma solução para a obesidade, mas tem gerado muitas dúvidas sobre quando e quem pode realizá-lo.

cantora Jojo Todynho foi submetida recentemente ao procedimento por indicação médica e o assunto ganhou as redes sociais. Em março, Jojo recebeu o diagnóstico de esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, e passou a adotar um estilo de vida mais saudável, incluindo alimentação e prática de exercícios físicos, o que a fez perder bastante peso.

Em entrevista ao iG , Carlos Schiavon, cirurgião bariátrico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, esclareceu que o critério objetivo para realização da cirurgia é baseado no IMC — índice de massa corporal específico. Confira a entrevista completa:

No que consiste a cirurgia bariátrica e quais são seus tipos?

A cirurgia bariátrica é um procedimento realizado no aparelho digestivo, geralmente no estômago e no intestino, ou somente no estômago. Geralmente consiste em uma redução do tamanho do estômago, com ou sem desvio no intestino delgado, que é o intestino fino. Os tipos mais comuns, mais realizados e autorizados, são dois: um é o que chamamos de "bypass", que é uma redução do estômago com um desvio do intestino; o outro é o "sleeve", que é apenas uma redução do estômago, na qual você retira uma parte do estômago e o transforma num órgão tubular.

Esse tipo de procedimento é recomendado para todas as pessoas?

Os critérios são determinados pelo Conselho Federal de Medicina, e o objetivo é baseado no índice de massa corporal (IMC). Pacientes que têm acima de 40 kg/m², isto é, portadores de besidade grau 3, antigamente chamada de obesidade mórbida, têm indicação de cirurgia. O outro grupo são os pacientes que têm entre 35 e 40 kg/m² por metro quadrado e possuem alguma comorbidade, por exemplo, hipertensão, diabetes, alteração de colesterol, problemas ortopédicos, depressão, dentre outras doenças. Existe um critério menos frequente que é a obesidade grau 1 com IMC entre 30 e 35 kg/m² para pacientes com diabetes, que não compensam com a medicação adequada, acompanhados por um endocrinologista, que seria uma indicação mais restrita.

3- Quais são os riscos envolvidos em realizar tal procedimento?

Como qualquer procedimento cirúrgico, existem alguns riscos. Atualmente, o procedimento é extremamente seguro se compararmos, por exemplo, a uma cirurgia de vesícula, que se chama colecistectomia. Os riscos mais importantes, apesar de raros, são sangramento, algum tipo de obstrução do intestino, que não permite a passagem do líquido alimentar, e fístulas, que seriam vazamentos das costuras e grampeamento realizados.

Uma outra complicação possível que pode ocorrer em qualquer procedimento cirúrgico, mas por conta da obesidade, é a trombose venosa com embolia pulmonar. São tomadas todas as precauções, mas ainda assim ela pode ocorrer nesses pacientes.

4-Quais cuidados devem ser tomados no pós-operatório?

Os cuidados são gerais, como a prevenção de trombose através de medicação, o uso de meias de compressão, a realização de caminhadas e o cuidado com a dieta. Nos primeiros 10 a 15 dias, a dieta deve ser de líquidos como água de coco e sopas coadas.

Na etapa seguinte, entre o 15º dia até o fim do primeiro mês, a dieta deve ser mais pastosa, com cremes e sopas e, além dos líquidos para uma boa hidratação. No segundo mês, geralmente se faz uma introdução progressiva de alimentos sólidos até chegar à alimentação habitual, sempre de forma saudável, evitando alimentos ultraprocessados e hipercalóricos. O paciente devve ter o acompanhamento médico para checar uma eventual complicação. Acompanhamento psicológico também pode ser necessário.

5-A cirurgia é definitiva, ou o paciente corre o risco de voltar a engordar caso não adote novos hábitos?

O conceito fundamental, que ainda é de difícil entendimento para muitas pessoas, é que a obesidade é considerada uma doença crônica, da mesma forma que o diabetes, a hipertensão, alteração de colesterol e outras. Por ser uma doença crônica, ela deve ser controlada através de medicação. No caso da cirurgia bariátrica, isso significa que existe sempre o risco de o paciente voltar a ter a doença.

Por isso, os hábitos alimentares e a atividade física são fundamentais para o sucesso do paciente e a manutenção da perda de peso. Porém, existem outros fatores envolvidos, como genética, fatores ambientais e medicações que o paciente precisa tomar para outros problemas e que facilitam o ganho de peso. 

A importancia da manutenção de bons hábitos saudáveis é fundamental, pois, por ser uma doença crônica, existe a possibilidade de retorno do ganho de peso. Muitos pacientes, depois de perderem peso no primeiro ano, acham que já está tudo resolvido e não precisam de acompanhamento, o que é um erro.


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