Jornalista famoso pelo quadro "Me leva Brasil", Maurício Kubrusly vive atualmente próximo à natureza no sul da Bahia após receber o diagnóstico de Demência Frontotemporal (DFT). A revelação foi feita pelo Fantástico neste domingo (20). A DFT é a mesma doença do ator Bruce Willis, também afastado das atividades profissionais.
A condição pode surgir entre os 45 e 64 anos e é caracterizada por um grupo de distúrbios causados pelo acúmulo da proteína "tau". Essa e outras proteínas que são capazes de destruir os neurônios nos lobos frontais do cérebro (atrás da testa) ou nos lobos temporais (atrás das orelhas).
O que é a demência frontotemporal?
Segundo o neurologista Fernando Freua, do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, a DFT engloba um grupo bastante heterogêneo de doenças neurodegenerativas. Ela causa alterações no comportamento social e afasia, que é a incapacidade de compreender ou executar a linguagem,
Os primeiros sinais da doença são as alterações no comportamento social. O diagnóstico é complexo, e geralmente se inicia por meio da suspeita clínica. Normalmente, pessoas próximas à pessoa afetada trazem queixas de alteração comportamental, como inadequação social, apatia ou embotamento.
Em seguida, são realizadas baterias cognitivas de triagem no consultório, além de um exame físico que avalia disfunções da região frontal. Em um segundo momento, é feita uma bateria de exames que avaliam como estão as funções cognitivas envolvidas nessas regiões, ratificando a impressão de que é uma DFT.
"Alguns casos são geneticamente determinados, e para esses deve ser feita a testagem genética de acordo com a suspeita clínica", esclarece Fernando Freua.
A DFT é uma doença neurodegenerativa de caráter progressivo, cujo tempo de evolução depende de diversos fatores. A condição pode ser agravada por outras comorbidades, que podem acelerar o processo de perda funcional e qualidade de execução das tarefas básicas, dependendo de cada paciente.
Formas de prevenção e tratamento
Não existe um medicamento ou tratamento que modifique o curso da doença. "É uma doença que progride um pouco mais rapidamente que outras até a perda completa das funções tanto cognitivas quanto motoras", explica o neurologista.
"Os médicos tentam melhorar a qualidade de vida do paciente, prescrevendo medicamentos para reduzir a agitação, irritabilidade ou depressão."
Segundo o neurologista, existem algumas evidências científicas que apontam para a prevenção da doença em relação a um tipo de estilo de vida que inclui o controle de peso e de fatores de risco como colesterol, diabetes, hipertensão e a prática de atividade física. Outro fator importante é o treinamento cerebral com atividades como a prática de leitura.
Pacientes com alto nível de escolaridade têm, segundo estudos, algum grau maior de prevenção em relação a pacientes com menor grau de escolaridade. A socialização é outro fator importante. Indivíduos mais sociáveis apresentam menor incidência de demência de maneira geral.
"Daí a importância em manter bons hábitos de vida, uma boa alimentação aliada à prática de exercícios físicos, evitando o fumo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, além de fazer aquilo que traz prazer", recomenda o especialista.