Um antiviral contra a dengue, desenvolvido pela Janssen, mostrou resultado satisfatório contra o vírus quando testado em humanos. A empresa divulgou as conclusões da segunda fase de três etapas no Encontro Anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene em Chicago, nos Estados Unidos. O evento ocorreu na sexta-feira (20).
O estudo mostrou que o medicamento JNJ-1802 foi bem tolerado e é seguro. A partir de agora, ele deve ser enviado para ser testado em voluntários de dez países, incluindo o Brasil.
“Os resultados promissores do JNJ-1802 até o momento oferecem a esperança de que a ciência será capaz de enfrentar esta ameaça à medida que mais e mais comunidades são afetadas em todo o mundo”, afirmou Marnix Van Loock, líder da divisão de Patógenos Emergentes da Janssen.
De acordo com os pesquisadores, o teste é realizado em um voluntário saudável, introdizindo o patógeno para anlisar a vacina e/ou tratamento. Segundo a Clinical Trials, que deixa registrados os estudos clínicos, 54 pessoas se voluntariaram.
Os voluntários, adultos 18 a 55 anos, receberam doses diárias do JNJ-1802, ou de placebo, durante 26 dias e foram monitorados por 85 dias. Segundo os cientistas, as pessoas que tomaram o medicamento na dosagem mais alta tiveram a detecção do vírus no organismo significativamente mais baixa, se comparado a quem recebu o placebo.
Dengue no Brasil
De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 1,55 milhão de casos de dengue em 2023 até o último dia 10 de outubro. Em 2022, foram 1,3 milhão de diagnósticos até setembro.
Segundo a Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (IVIS), este ano já é o segundo pior ano de incidência da doença. Até hoje, o ano de 2015 teve o pior cenário, com 1,69 milhão contaminadas. Em questão de óbitos pela doença, 2022 supera. No ano passado foram registrados 1.016 óbitos, em 2015 foram 986 mortes e até outubro de 2023, 979 mortes.
Vacina contra dengue
O Instituto Butantan desenvolveu uma vacina contra a dengue e obteve 79,6% de eficácia nos ensaios clínicos . De acordo com a instituição, o acompanhamento com um grupo de 16 mil participantes por dois anos não registrou ainda nenhum caso grave da doença entre os que receberam o imunizante.
A fase de estudos clínicos da vacina contra a dengue começou em 2016, com a administração do imunizante a 10 mil voluntários com idade entre 2 e 59 anos. Mais 6 mil pessoas receberam um placebo.
A vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. No entanto, no período da pesquisa, apenas os tipos 1 e 2 estavam em circulação no Brasil. A eficácia para evitar a infecção por essas variedades ficou em 89,5% e 69,6%, respectivamente.
Entre os mais de 10 mil imunizados, apenas três pessoas apresentaram eventos adversos considerados graves até 21 dias após aplicação da vacina, sendo que todas se recuperaram totalmente.