Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus (imagem ilustrativa)
Sandro Pereira/Fotoarena/Agência O Globo
Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus (imagem ilustrativa)

Julie McFadden, 41, é enfermeira de um hospício em Los Angeles e em suas redes sociais, compartilha suas experiências com seus milhares de seguidores, com o objetivo de desestigmatizar a morte.

Em um vídeo recente publicado por Julie, chamado "por que você não deveria ter medo de morrer", a enfermeira, especializada em cuidados paliativos, explicou que quando o corpo alguém está prestes a morrer, o corpo “desliga“ para que o processo não seja doloroso.

Nos últimos seis meses de vida, os corpos começam a desligar de forma gradual. A pessoa no fim da vida começa a “comer menos, beber menos e dormir mais”, devido o aumento do nível de cálcio no corpo, de acordo com a enfermeira.

Para ela, a razão sobre o porquê da morte ser ainda um tabu, é por conta da visão distinta que um ente querido saudável tem de uma pessoa que está morrendo (e na maioria dos casos sem sofrimento).


“Você está vendo o que eles estão passando e porque não estamos em um corpo moribundo, pode ser realmente assustador, e você pensa 'isso deve ser ruim'. Mas quando alguém está naquele corpo moribundo, é uma mudança diferente, porque não comer, não beber parece natural“, disse a enfermeira.

Não é possível afirmar que quem está morrendo não sofre, como diz a enfermeira. Entretanto, estudos científicos apontam para algo próximo a isso. Uma pesquisa publicada na revista científica 'Frontiers in Aging', em 2022, revelou que em sobreviventes de quase morte (única forma de se realizar o estudo), os pacientes relataram “recordações de memória, experiências fora do corpo, sonhos e estados meditativos“.  

"Talvez nunca encontremos evidências diretas para correlacionar experiências de quase morte relatadas subjetivamente com as alterações neurofisiológicas em um cérebro humano moribundo porque, por padrão, não podemos perguntar ao paciente moribundo se ele experimentou uma recordação de memória enquanto morria", conclui o estudo.

Outros estudos, porém, apontam para outras possibilidades: estresse, felicidade ou euforia no momento da morte. Em entrevista à BBC britânica em 2020, o pesquisador Seamus Coyle revela que os "pacientes ficam cada vez menos ativos, com menos fome e mais sono. Coyle ainda argumenta que "há um aumento nos substâncias químicas relacionadas ao estresse no corpo" e que as experiências são diferentes em cada corpo.


De acordo com McFadden, as mortes causadas por certas doenças podiam tornar o processo mais desconfortável, entretanto, a morte em si não seria dolorosa. "Há momentos em que a doença que a pessoa está enfrentando pode causar sintomas [...]mas o processo real pelo qual o corpo está passando para ajudá-lo a morrer está na verdade ajudando essa pessoa”, disse.

A enfermeira ainda conta que muitas vezes ela não precisava administrar os analgésicos pois eles estavam "totalmente confortáveis". Ainda acrescentou que a morte era "reconfortante" porque ao dar o último suspiro, o corpo libera endorfinas. "O corpo entra lentamente em algo chamado cetose, que libera endorfinas. No corpo daquela pessoa, essas endorfinas aliviam a dor, os nervos, e também dão à pessoa uma sensação de euforia, então ela se sente bem”, disse ela.

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