Um recente estudo da Universidade de Oxford sugere que o Sildenafil, conhecido pelo seu nome comercial Viagra , pode trazer benefícios além do tratamento da disfunção erétil. De acordo com um relatório da pesquisa, essa droga pode ajudar a prevenir problemas relacionados à memória, aumentando o fluxo sanguíneo cerebral e aprimorando a função dos vasos sanguíneos em pessoas com risco de desenvolver demência.
O Dr. Alastair Webb, Professor Associado no Centro Wolfson para Prevenção de AVC e Demência da Universidade de Oxford, afirmou:
"Este é o primeiro ensaio a mostrar que o sildenafil penetra nos vasos sanguíneos do cérebro em pessoas com esta condição, melhorando o fluxo sanguíneo e a responsividade desses vasos sanguíneos. Esses dois fatores-chave estão associados a danos crônicos nos pequenos vasos sanguíneos do cérebro, que é a causa mais comum de demência vascular. Isso demonstra o potencial deste medicamento bem tolerado e amplamente disponível para prevenir a demência, o que precisa ser testado em ensaios maiores".
As principais descobertas foram:
- Sildenafil aumentou o fluxo sanguíneo em vasos sanguíneos grandes e pequenos no cérebro, conforme medido por exames de ultrassom e ressonância magnética (MRI);
- Sildenafil aprimorou a resposta do fluxo sanguíneo ao dióxido de carbono, indicando uma melhor função cerebrovascular;
- Tanto o sildenafil quanto o cilostazol reduziram a resistência dos vasos sanguíneos no cérebro;
- Sildenafil causou menos efeitos colaterais em comparação com o cilostazol, especialmente com menos incidência de diarreia.
O Professor Peter Rothwell, Diretor Fundador do Centro Wolfson para Prevenção de AVC e Demência, afirmou que "as descobertas do Professor Webb são muito encorajadoras e destacam o potencial para prevenir a demência vascular usando medicamentos existentes que visam a redução subjacente do fluxo nos pequenos vasos sanguíneos no cérebro".
A demência vascular, como é conhecida, afeta funções cognitivas como memória, raciocínio e julgamento devido à redução do suprimento sanguíneo para o cérebro, o que danifica o tecido cerebral. Esta condição difere da doença de Alzheimer, onde a disfunção cognitiva é causada por placas de beta-amiloide, bloqueando a conectividade dos neurônios. Na demência vascular, obstruções nos vasos sanguíneos levam ao dano das células cerebrais.
O estudo, publicado na revista Circulation Research, marca um passo significativo na luta contra a demência. Ao menos 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos vivem com alguma forma de demência, número que tem viés de alta para os próximos anos: a previsão é que chegue a 2,78 milhões no final desta década e a 5,5 milhões em 2050, segundo pesquisa do Journal of Gerontology.
A Dra. Manjari Tripathi, chefe do departamento de neurologia do AIIMS (All India Institute Of Medical Science), destacou vários fatores de risco para demência vascular, incluindo pressão alta, tabagismo, diabetes, hipertensão, obesidade, apneia do sono obstrutiva e aterosclerose.
Ela explicou que a demência vascular pode se manifestar em diferentes formas, como demência multi-infarto, que resulta de múltiplos pequenos derrames, e demência de infarto estratégico, que pode ocorrer a partir de um único derrame em uma área crítica do cérebro.
"Os derrames podem afetar indivíduos de todas as idades. Os comprometimentos cognitivos resultantes de um derrame, como raciocínio diminuído, pensamento lógico, atenção e julgamento, muitas vezes são mais graves em comparação com aqueles observados na demência de Alzheimer", disse Tripathi ao TOI. "O início desses déficits cognitivos pode ser súbito e profundo, independentemente da idade do paciente."
O Dr. Rajeev Mehta, psiquiatra sênior do Sir Ganga Ram Hospital, comentou a natureza inovadora da pesquisa de Oxford, que relaciona o sildenafil à melhora da demência vascular, observando que problemas de memória na demência vascular muitas vezes ocorrem em etapas. O Dr. Jitendra Nagpal, presidente do Instituto de Saúde Mental do Hospital Moolchand, enfatizou a necessidade de ensaios multicêntricos abrangentes para validar essas descobertas, mas acolheu qualquer benefício potencial para os sofredores crônicos como um passo rumo à recuperação cognitiva.
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