Jogo do Tigrinho | Influenciadores usavam versão alterada para atrair pessoas
Bruno De Blasi
Jogo do Tigrinho | Influenciadores usavam versão alterada para atrair pessoas

Diversas notícias sobre problemas com o “ jogo do tigrinho ” ganharam os jornais nas últimas semanas. Para citar algumas: uma enfermeira desaparecida por dever dinheiro para agiotas , uma neta que desviou R$ 179 mil do avô , e  influenciadores digitais se aproveitando para ganhar dinheiro.

Tudo isso entra em questões legais e preocupantes. Por exemplo, jogos de azar são proibidos no Brasil. Mas, além de ser ilegal, existem riscos para a saúde pouco comentados.

O vício em apostas é real e preocupante. Inclusive, pela lei brasileira, é oficialmente uma doença na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), nas categorias mania de jogo e jogo patológico.

À Agência Brasil , psicólogos explicaram que jogos de azar funcionam com uma grande recompensa de para o cérebro. De fato, os resultados químicos são bastante semelhantes àqueles do vício por bebida ou drogas, por funcionar de maneira semelhante.

O resultado de apostas pode ser drástico: em casos extremos, há suicídios depois de perda. Outros problemas incluem compulsão e violência. Rodrigo Machado, do Ambulatório de Dependência Tecnológica do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), explicou à EW:

"A gente fica dependente não só de substâncias químicas, mas também de comportamentos altamente sedutores para o cérebro, as dependências comportamentais, como o transtorno do jogo. O jogo de azar tem esse potencial aditivo porque tudo que dá prazer vai estimular o sistema de recompensa cerebral, que processa e identifica a possibilidade de obter gratificação", explica.

Logo, jogos como “o tigrinho” ou aposta viram um problema de estado - tanto para a polícia civil quanto para profissionais de saúde.

Como governo combate vícios em apostas online

As leis de jogos de aposta são confusas e não objetivas. Porém, após o estouro de apostas online, o governo corre para “botar ordem” e resolver maiores questões.

De acordo com o Metrópoles, o Ministério da Fazenda tem uma minuta sobre a regulamentação. Foi considerada, inclusive, a inclusão de um Projeto de Lei (PL) urgente para lidar com a questão.

A fiscalização do mercado exigirá tributação a jogos de aposta. Cada empresa deve pagar uma outorga de R$ 30 milhões para liberar tecnologia para fiscalização. As estimativas preveem uma arrecadação de até R$ 16 bilhões no momento de regularização.

Caso haja seguimento, as empresas precisarão se adaptar às leis - principalmente ter uma sede da empresa no país e receber habilitação para articular empresas.

Hoje, muitos dos sites de “bet” famosos são regulamentados no Brasil - mas, no caso do “ jogo do tigrinho ”, isso não acontece.

Sem regulamentação, os sites de aposta não são passíveis de punição. Por isso, problemas com pagamento, recebimentos, ou possíveis responsabilidades não tem como ser imputadas.

Jogos de aposta online viciam como álcool?

No Reclame Aqui , é comum entradas sobre não pagamento e retenção de valores. Mas algumas chamam mais atenção - sobre vício.

A DW destacou uma pessoa que precisou começar a tomar remédios psiquiátricos, fazer tratamento para compulsão, e perdeu a casa por dívidas de apostas. É um problema bastante sério.

"O comportamento é muito sedutor porque envolve risco, pela possibilidade de obter um resultado. Essa aleatoriedade traz uma alta excitabilidade, por não saber qual é o desfecho final", explicou Machado.

Jogos online são ainda mais sedutores. Designs são feitos especialmente para chamar atenção e estimular participação:

"Os desenvolvedores perceberam que poderiam atingir uma população mais jovem com a gamificação e com elementos estéticos modais extraídos dos games. O que difere ele do jogo de azar tradicional é que, em tese, o tradicional, como uma bet esportiva, deve ser auditável, você precisa saber a probabilidade de ganhar", completou Machado.

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