Na quarta-feira, 14 de agosto de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a mpox — anteriormente conhecida como " varíola dos macacos"
— como uma emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII). Esta é a mesma classificação que foi atribuída à COVID-19 em janeiro de 2020. A decisão marca a primeira emergência global desde o fim da pandemia de Sars-CoV-2, em 2023.
O vírus da mpox já está presente em 13 países, e o recente aumento de casos tem gerado preocupação entre as autoridades de saúde. Desde o início de 2024, foram registrados mais de 14 mil casos e 500 mortes devido à doença, o que representa um aumento de 160% em comparação com o ano anterior. A OMS revisou o status da doença após uma reunião de emergência, considerando a nova onda de casos que supera os números de 2023.
A OMS define uma emergência global como um "evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional de doenças e potencialmente exige uma resposta internacional coordenada". A recomendação é que as autoridades de saúde aumentem o monitoramento e se preparem para implementar medidas de contenção, semelhantes às usadas durante a pandemia de COVID-19, como o fechamento de fronteiras.
Além de ser um alerta de saúde, a decisão da OMS também tem implicações políticas, incentivando os países-membros, incluindo o Brasil, a desenvolver ações coordenadas como vacinas e tratamentos, bem como a monitorar as condições de chegada dos viajantes em portos e aeroportos.
Em entrevista coletiva, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou que o clado do vírus atualmente em circulação é o 1b, transmitido majoritariamente por via sexual, embora não exclusivamente. O clado foi detectado principalmente na República Democrática do Congo e países vizinhos. Recentemente, novos casos foram relatados em Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, países que ainda não haviam registrado a doença.
Ghebreyesus destacou que a situação não se trata de um único surto, mas sim de múltiplos surtos de diferentes clados com diversos modos de transmissão e níveis de risco. Apesar da gravidade da situação, ele enfatizou que a atual situação não é considerada uma pandemia. A OMS acredita que uma resposta coordenada pode conter a epidemia e evitar sua expansão global.
Histórico das Declarações de Emergência
A declaração de emergência de saúde pública pela OMS é um evento raro. Nos últimos 15 anos, foi feita apenas seis vezes:
- - 2009: Epidemia de gripe A (H1N1)
- - 2014: Epidemias de ebola e pólio na África
- - 2016: Epidemia de Zika no Brasil
- - 2019: Epidemias de ebola na República Democrática do Congo
- - 2020: Surgimento da COVID-19
O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, explicou que a decisão de declarar uma emergência global considera fatores como o risco de transmissão para novos países, a novidade do vírus para a comunidade científica e a disponibilidade de ferramentas de resposta.
No Brasil
A OMS anunciou um plano regional de resposta ao surto, com um pedido de US$ 15 milhões para combater a doença, destacando a falta de vacinas em países afetados. A organização alocou US$ 1,45 milhão de seu fundo para emergências e busca doações adicionais. As recomendações de saúde emitidas anteriormente serão estendidas por mais um ano para ajudar os países a conter o vírus.
No Brasil, a situação não é considerada um surto generalizado, mas o vírus já circula no país. Entre 2022 e 2024, foram identificados 11 mil casos de mpox no Brasil, comparados a 33 mil casos nos EUA, 8 mil na Espanha e 4,2 mil na França.