A utilização do implante hormonal requer uma avaliação clínica e laboratorial
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A utilização do implante hormonal requer uma avaliação clínica e laboratorial



Nos últimos anos, o uso de implantes hormonais tem sido alvo de discussões, gerando tanto curiosidade quanto desinformação, principalmente em relação ao chamado "chip da beleza" .

Especialistas destacam que o implante hormonal é um tratamento médico sério, indicado para diversas condições ginecológicas, e que sua associação ao termo "chip da beleza" pode prejudicar sua credibilidade .

O implante hormonal é uma pequena cápsula de 4 a 5 cm, inserida sob a pele, que libera hormônios gradualmente na corrente sanguínea. Essa forma de administração evita a passagem dos hormônios pelo fígado e estômago, o que pode reduzir efeitos colaterais e otimizar o tratamento.

Segundo o Dr. Walter Pace, especialista em ginecologia, o implante é utilizado para "tratar doenças hormônio-dependentes, como endometriose, miomatose, hiperplasia e displasia mamária, além de ser indicado para reposição hormonal".

Entretanto, uma onda de desinformação tem cercado o uso dos implantes hormonais, com a disseminação do termo "chip da beleza". Esse termo surgiu por conta dos efeitos estéticos que alguns hormônios podem proporcionar, como ganho de massa magra e redução de gordura.

Contudo, especialistas ressaltam que os resultados estéticos são secundários e dependem de um estilo de vida saudável, com dieta equilibrada e exercícios físicos.

"A chave e o ponto central é buscar uma linha de equilíbrio na administração desses hormônios", afirma o Dr. Pace, que enfatiza a necessidade de acompanhamento médico para garantir que o tratamento seja eficaz e seguro.

"Determinados hormônios facilitam o emagrecimento, mas sozinhos não fazem isso. É preciso ter uma vida saudável", completa o médico.

Além das questões estéticas, o implante hormonal tem sido utilizado com sucesso no tratamento de doenças ginecológicas.

O Dr. Malcolm Montgomery, especialista em ginecologia e obstetrícia, explica que os implantes são aliados no "tratamento de ovário policístico, cólicas, TPM e menopausa, além de protegerem o útero e os ovários".

Ele também destaca que o implante promove equilíbrio hormonal e bem-estar geral quando usado sob orientação médica.

Entretanto, em setembro de 2024, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu o uso e manipulação de implantes hormonais, gerando apreensão entre médicos e pacientes.

A justificativa da agência foi o uso indiscriminado desses produtos, muitas vezes sem prescrição médica adequada. Apesar disso, Dr. Montgomery defende o uso responsável dos implantes, afirmando que "é essencial prevenir práticas inadequadas, mas também reconhecer o valor terapêutico dos implantes hormonais quando administrados com responsabilidade e critério profissional".




A polêmica em torno dos implantes hormonais não é recente. O Professor Elsimar Coutinho, referência mundial na área, foi um dos primeiros a utilizar essa via de administração hormonal para tratar condições graves como endometriose e miomas.

Desde o início, Coutinho alertava sobre os riscos de associar o tratamento ao termo "chip da beleza", enfatizando que o foco dos implantes é o tratamento médico, e não benefícios estéticos.

Nos últimos anos, as redes sociais têm sido palco de desinformação, com influenciadores promovendo o "chip da beleza" como uma solução milagrosa para emagrecimento e ganho de massa muscular.

Especialistas alertam que esse tipo de abordagem banaliza o tratamento e pode levar a consequências graves para a saúde.

"O que faz mal em hormônio não é o hormônio em si, mas o excesso ou a carência", explica o Dr. Pace. Ele acrescenta que tratamentos hormonais devem ser individualizados, de acordo com as necessidades de cada paciente, para evitar efeitos colaterais.

Implante hormonal e seus benefícios

A Anvisa, ao suspender temporariamente o uso dos implantes, busca evitar a automedicação e o uso indiscriminado do tratamento. No entanto, profissionais da saúde defendem que essa decisão deve ser equilibrada, levando em conta os benefícios comprovados dos implantes hormonais quando utilizados corretamente.

"Decisões regulatórias devem ser tomadas com equilíbrio entre proteção e benefícios clínicos", afirma Dr. Montgomery.

Outro ponto de controvérsia é a alegação de que os implantes hormonais poderiam causar infertilidade, algo que, segundo os especialistas, é um mito.

"Determinados hormônios, como os progestínicos, bloqueiam a ovulação e tratam da endometriose, preservando a fertilidade ao reduzir a inflamação", esclarece o Dr. Pace.

Apesar das polêmicas, estudos científicos continuam a comprovar a eficácia dos implantes hormonais no tratamento de diversas condições ginecológicas.

A plataforma PUBMED, por exemplo, contém inúmeras publicações que demonstram os benefícios do tratamento, especialmente no manejo da endometriose, uma doença que afeta milhares de mulheres no Brasil e no mundo.

Enquanto a discussão sobre a regulamentação dos implantes hormonais continua, especialistas reforçam a importância de buscar informações com profissionais qualificados e evitar a automedicação.

"A saúde deve ser a prioridade, e o uso dos implantes hormonais deve ser sempre acompanhado por médicos especializados", conclui Dr. Montgomery.


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