O uso excessivo de telas e a falta de luz natural pode contribuir no desenvolvimento da miopia
Unsplash/McKaela Lee
O uso excessivo de telas e a falta de luz natural pode contribuir no desenvolvimento da miopia

O uso crescente de  aparelhos digitais entre crianças e adolescentes tem levantado preocupações quanto aos impactos no desenvolvimento dos jovens. Estudos apontam que o  tempo excessivo em frente às telas pode prejudicar tanto o desenvolvimento físico quanto o neurológico. 

Um estudo publicado no British Journal of Ophthalmology apontou que, no mundo, mais de um terço das crianças e adolescentes tem miopia, e prevê 740 milhões de novos casos até 2050. Já a Organização Mundial de Saúde ( OMS ) estima que nesse período mais da metade da população mundial será afetada pelo problema.

O estudo também destaca que fatores como a maior exposição às telas e menos tempo em contato com a luz natural podem ter impacto na patologia. 

Desenvolvimento cerebral

De acordo com o neurocirurgião pediátrico Alexandre Canheu, áreas importantes do cérebro da criança são afetadas com o uso das telas de maneira descontrolada. “A exposição precoce às telas, sem controle adequado, pode afetar funções específicas importantes, como a atenção, a memória e o aprendizado”, explica Canheu. 

Ele também afirma que o cérebro em desenvolvimento é mais suscetível às consequências da superexposição às telas, incluindo a regulação emocional e o comportamento social. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, as crianças não devem ser expostas às telas pelo menos até completar 2 anos de idade. Já para aqueles entre 2 e 5 anos, o tempo diário recomendado é de, no máximo, uma hora. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também estipula limites para crianças maiores, com orientações de até duas horas diárias para crianças de 6 a 10 anos e três horas para adolescentes a partir dos 11 anos.

Uso excessivo de dispositivos

Um estudo recente realizado pelo Ministério da Saúde e pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, que faz parte do projeto Primeira Infância Para Adultos Saudáveis (PIPA), revelou que um terço das crianças brasileiras de até 5 anos ultrapassa o tempo recomendado em frente às telas, que podem causar consequências a longo prazo.

Segundo Canheu, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos está diretamente ligado à liberação de dopamina no cérebro. “A dopamina é o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e motivação, mas, quando liberada em excesso, pode levar à dependência. Isso faz com que as crianças sintam necessidade de mais estímulos para alcançar a mesma sensação de satisfação”, esclarece.

Pode contribuir com o desenvolvimento de miopia

A miopia é um erro de refração que consiste na incapacidade de enxergar objetos distantes nitidamente. O globo ocular do míope tem um formato mais longo e pontudo e até uma curvatura maior da córnea do que o comum.

De acordo com o oftalmologista Fernando Naves, do hospital Santa Casa de Mauá, a maior parte dos casos de miopia é diagnosticada entre 6 e 12 anos de uma criança. Para ele, é importante iniciar o tratamento cedo, e que os pais fiquem atentos aos sinais

“A miopia também pode ser identificada em bebês e, quanto antes o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados e evitará a progressão da doença. Por essa razão, as consultas oftalmológicas desde a infância são tão importantes”, recomenda o especialista.


O que pode causar a miopia? 

A miopia é um distúrbio hereditário, mas a falta de luz natural e o excesso de telas contribuem para seu desenvolvimento. Entre os principais sintomas da miopia infantil estão as queixas de não enxergar com clareza objetos distantes ou não ter essa percepção; visão embaçada; esfregar os olhos; piscar excessivamente; vista cansada; dores oculares e de cabeça; sentar-se muito perto da TV ou aproximar dos olhos smartphones, tablets e livros. 

Para preservar a visão dos pequenos, o especialista também recomenda que crianças menores de dois anos de idade não sejam expostas às telas e que as demais sigam as recomendações de tempo máximo.

** Formado em jornalismo pela UFF, em quatro anos de experiência já escreveu sobre aplicativos, política, setor ferroviário, economia, educação, animais, esportes e saúde. Repórter de Último Segundo no iG.

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