Escrito por Parceria GLuz PR
Quando o assunto é a saúde , é inegável que o bem-estar físico e psicológico estão interligados de forma inseparável. Isso significa que qualquer experiência que afete o emocional tem impacto na saúde geral.
É impossível navegar pela internet, especialmente nas redes sociais, sem esbarrar em algum material sobre “true crime”, um gênero que adapta casos criminosos da vida real de maneira ficcional ou como documentário . Embora não se trate de algo 100% novo, a sua popularidade cresceu nos últimos anos.
Se você entrar em uma plataforma de streaming, em segundos encontrará alguma série ou filme, de caráter ficcional ou documental, inspirada por crimes reais. Isso acontece porque há demanda: obras dessa natureza costumam estar entre as mais bem populares e bem-sucedidas no catálogo dos sites.
O impacto do consumo de mídias audiovisuais sobre true crime é relativamente discutido, mas pouco se fala sobre a relação entre a obsessão por esse gênero de produto audiovisual e a saúde. Afinal, ser interessado em true crime tem malefícios para a saúde? Há um “limite” de consumo a ser respeitado?
As respostas para essas perguntas não são simples, de modo que vale dedicarmos um texto inteiro a esmiuçar as principais questões relacionadas ao true crime e à saúde. O que podemos adiantar, antes de nos aprofundarmos no assunto, é que o exagero é sempre algo negativo, não importa a temática.
Quais são os possíveis impactos da obsessão por crimes reais na saúde?
Segundo um estudo conduzido pela ExpressVPN , a obsessão por crimes reais tem impactos a nível individual e social, tanto do ponto de vista positivo quanto negativo. Para os itens abaixo, nós vamos nos focar na questão individual, explorando, com base no estudo, os possíveis efeitos em nossa saúde.
1 – Faz com que confrontemos emoções
Crimes naturalmente envolvem situações desagradáveis às quais temos reações emocionais variadas. Isso não necessariamente é ruim, já que confrontar esses sentimentos pode ser positivo quando isso acontece em um ambiente seguro. Considerando que a ameaça está na TV, não há um perigo físico.
Apesar disso, é preciso considerar que as emoções afetam aspectos do organismo, como a respiração e os batimentos cardíacos. Para pessoas com predisposição a doenças como a pressão alta , pode não ser muito recomendado se colocar em uma situação onde as emoções extremas ficam “à flor da
pele”.
2 – Pode nos tornar mais apáticos
No texto da ExpressVPN há o alerta de que ser obcecado por crimes reais pode nos tornar apáticos em relação às tragédias e atrocidades do mundo, o que é extremamente negativo. Mais uma vez, o que temos são aspectos socioemocionais, com esse consumo sem limites diminuindo a nossa empatia.
Há também a dessensibilização com o que existe de ruim no mundo, com eventos dessa natureza sendo encarados como “normais”. Isso pode levar à tristeza e quadros clínicos relacionados, algo muito negativo. Naturalmente, isso não é uma regra, mas afeta uma grande parcela de quem assiste.
3 – Fornece doses de adrenalina
A adrenalina é um hormônio muito importante para preparar o organismo a diferentes processos. Ela é positiva quando na dose certa (como quando embarcamos em uma montanha-russa, por exemplo), mas também está presente em situações negativas (como quando nós somos vítimas de um roubo ).
Quando o nível desse hormônio no organismo é elevado e mantido por longos períodos, o corpo sofre e há riscos de doenças sérias. Quadros cardiovasculares, depressão, insônia, queda de cabelo e transtornos alimentares são algumas das consequências negativas do excesso de adrenalina no corpo.
4 – Leva a uma percepção distorcida da realidade
Em um dos itens anteriores nós citamos a apatia como uma consequência da obsessão com crimes reais, mas e quanto ao efeito oposto? Isto é: e quando acompanhar true crime nos torna “paranoicos”, com uma percepção distorcida da realidade? O artigo da ExpressVPN alerta sobre essa consequência.
Não é difícil deduzir que a percepção distorcida da realidade é extremamente negativa à saúde, com o principal sintoma sendo o estresse. O receio de que o perigo esteja à espreita pode nos fazer sair menos de casa, o que afeta a socialização e também prejudica a maneira como nosso cérebro trabalha.
5 – Nos afasta de outros tipos de experiência
Por último, temos um efeito negativo que não se relaciona exclusivamente com a obsessão por true crime, mas com qualquer exemplo de vício: quando temos um único tipo de interesse e dedicamos todo nosso tempo livre (ou mesmo mais do que isso) na tarefa, perdemos outros tipos de experiência.
Aliado a isso, há o fato de que acompanhar notícias e mídias sobre crimes reais se trata de uma atividade sedentária , geralmente reduzida a ficar na frente de telas. Isso também impacta o corpo, já que a falta de exercícios físicos pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de diferentes doenças.
Há impactos positivos à saúde em acompanhar true crime?
Até aqui nós focamos nos impactos negativos da obsessão com crimes reais, de modo que vale a pena citar o outro lado da moeda. Há aspectos positivos? Quando falamos de uma “obsessão”, não, não há; mas acompanhar notícias e mídias sobre true crime pode ser algo positivo com moderação.
Paradoxalmente à apatia mencionada antes, o consumo em doses certas pode nos transformar em pessoas mais empáticas, o que faz bem para a saúde psicológica e a socialização. Confrontar aspectos negativos da existência humana, como a morte, também pode ser algo benéfico para a nossa psiquê.
Isso sem mencionar os aspectos da vida em sociedade, como a interação proporcionada por conhecer algo sobre o qual outras pessoas estão falando a respeito. Isso significa que se interessar por true crime e ser obcecado são coisas distintas: enquanto o primeiro pode ser bom, o segundo é negativo.
Assim como em todas as outras áreas da vida, o mais importante ao consumir obras de true crime é a moderação. O risco de dessensibilização é real, assim como os prejuízos para a saúde psicológica, se você não estiver num momento bom. Respeitando os próprios limites, o impacto negativo é reduzido.