Volta da coqueluche no Brasil causa preocupação e alerta
Nathan Vieira
Volta da coqueluche no Brasil causa preocupação e alerta


A capital paulista enfrenta um surto de coqueluche em 2024, com 495 casos registrados até o início de outubro, conforme o novo boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-SP). Esse é o maior número desde 2014, quando houve 659 diagnósticos, representando um aumento de 3.436% em relação ao ano passado.

Crescimento Alerta Autoridades

O aumento não se limita a São Paulo . No Brasil, foram reportados 2.953 casos de coqueluche neste ano, um crescimento de 1.280% em comparação com 2023, configurando o pior cenário desde 2015, quando ocorreram 3.108 diagnósticos. A maior concentração está nas regiões Sudeste e Sul, com um total de 12 mortes até agora.

O cenário brasileiro acompanha uma tendência global. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), entre janeiro e março, a Europa registrou mais de 32 mil casos, superando os cerca de 25 mil de todo o ano passado. Nos Estados Unidos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relatam um aumento de cinco vezes nos casos de coqueluche até o início de novembro, em comparação ao mesmo período de 2023. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também confirmou que, em 2023, os casos globais mais do que dobraram, saltando de 64.313 para 159.832.

Vacinação e Prevenção

A coqueluche, causada pela bactéria *Bordetella pertussis*, é uma doença respiratória transmitida por gotículas ao tossir, espirrar ou falar. Os sintomas incluem tosse persistente e febre, com maior gravidade em crianças não vacinadas, que correm risco de hospitalização e morte.

No Brasil, a vacina pentavalente, que protege contra coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e infecções por *Haemophilus influenzae* tipo B, é parte do calendário nacional de imunização. A vacinação infantil ocorre em três doses, administradas aos dois, quatro e seis meses, seguidas de dois reforços aos 15 meses e aos 4 anos com a vacina tríplice bacteriana (DTP).

Para gestantes, a dose da vacina tríplice bacteriana acelular (DTpa) é recomendada após a 20ª semana de gestação, com o objetivo de transferir a imunidade ao recém-nascido. No entanto, a cobertura vacinal entre gestantes está em apenas 50,8%, segundo o Ministério da Saúde

Impacto Pós-Pandemia e Baixa Adesão à Vacina

Especialistas atribuem o aumento expressivo dos casos ao impacto da pandemia de Covid-19 e às baixas coberturas vacinais. Durante o isolamento social, a circulação de patógenos foi reduzida, resultando em uma queda nos casos de coqueluche. Em 2020, por exemplo, o Brasil teve apenas 160 diagnósticos, o menor número desde o início da série histórica em 1990.

A cobertura vacinal, que atingiu 96,9% em 2015, caiu para 70,9% em 2019, mas voltou a subir para 87,5% em 2024. Globalmente, a taxa de vacinação caiu para 81% durante a pandemia, mas aumentou para 84% nos últimos dois anos, de acordo com a OMS.

As autoridades de saúde reforçam a importância da vacinação para prevenir surtos e proteger especialmente os grupos mais vulneráveis, como bebês e gestantes.

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