Dois dias após ser submetido a uma cirurgia de emergência para drenar um hematoma cerebral , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passará por um novo procedimento na manhã desta quinta-feira (12), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A intervenção, chamada de embolização das artérias meníngeas , tem como objetivo minimizar o risco de futuras hemorragias . Segundo o cardiologista Roberto Kalil Filho, médico do presidente, o procedimento é “relativamente simples e de baixo risco”.
A embolização será realizada na sala de cateterismo, e não no centro cirúrgico. Durante a intervenção, um cateter será introduzido por meio de uma punção na virilha, até o local da embolização. A decisão de realizar a intervenção, que não é cirúrgica, já estava prevista, mas não foi antecipada em boletins anteriores, conforme esclareceu Kalil. O procedimento deve durar cerca de uma hora e pode ser feito sob sedação ou anestesia geral, dependendo da avaliação médica no momento.
"A evolução do presidente foi ótima, ele desenvolveu bem, sentado, conversando, comendo e se alimentando. Já estava sendo discutido como complemento do procedimento cirúrgico esse tipo de embolização. É um tipo de caraterismo", disse o médico, em entrevista coletiva.
"Quando você drena o hematoma (como ocorreu no procedimento de segunda) existe uma pequena possibilidade de, no futuro, as artérias da meninge causarem um pequeno sangramento. Não é impossível de acontecer."
Kalil reforçou que esse procedimento será feito como forma de minimizar a possibilidade de que um sangramento ocorra novamente.
"Faz parte dos protocolos atuais e é um procedimento de baixo risco que foi muito discutido com a equipe médica no dia de hoje (quarta-feira)", afirmou Kalil.
O objetivo é diminuir o risco de recorrência de 10% para cerca de 2% a 3%, conforme explicaram os médicos. A intervenção será feita para retirar também um dreno que foi colocado após a drenagem do hematoma.
A expectativa é que o novo procedimento não altere o tempo de internação do presidente.
A equipe médica prevê que a internação do presidente não será alterada, com a expectativa de que ele deixe a UTI em até dois dias. Lula deve seguir sua recuperação e retornar a Brasília na próxima semana. O presidente e a primeira-dama, Janja, preferiram divulgar a informação sobre o procedimento antes da coletiva de imprensa marcada para hoje, após considerarem que o vazamento da informação seria inevitável. A decisão foi tomada em conjunto com a equipe médica, que informou que o presidente está se alimentando bem, realizando fisioterapia e teve um dia sem intercorrências.
Segundo a colunista Malu Gaspar, do GLOBO, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou surpreso ao descobrir que a informação sobre o procedimento médico realizado não havia sido incluída no boletim divulgado ao meio-dia. Fontes próximas aos médicos e ao casal presidencial relataram que Lula considerou um vazamento de informações inevitável, mas destacou que isso poderia ser prejudicial para a comunicação, já que os médicos afirmam que o procedimento foi simples e que a possibilidade de sua necessidade já era conhecida. Lula, segundo esses relatos, comentou: “Se amanhã alguém souber, vão pensar que estou morrendo.”
Em suas redes sociais, a primeira-dama Janja compartilhou na quarta-feira que Lula teve “mais um dia tranquilo de recuperação” e que logo retornaria renovado para seguir com seu trabalho. Ela também mencionou que o presidente estava se alimentando bem e recebeu a visita de familiares, sempre rodeado de cuidado, carinho e sorrisos.
Lula foi internado na noite de segunda-feira (9) após sentir fortes dores de cabeça e mudanças no comportamento, como desânimo e fala mais baixa. Exames de imagem confirmaram o sangramento, ocorrido após uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, em outubro. A transferência para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo foi realizada para que ele passasse pela cirurgia de emergência e fosse acompanhado de perto pelos médicos.