Veja quais são os riscos de tomar remédio vencido
Shutterstock
Veja quais são os riscos de tomar remédio vencido

Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriu que o uso da clozapina no tratamento da esquizofrenia  pode reduzir o risco de morte em pacientes refratários, ou seja, aqueles que não se adequam aos cuidados iniciais do transtorno.

A pesquisa foi desenvolvida pelo médico geriatra e psiquiatra Júlio César Menezes Viera, doutorando no Programa de Pós-gradução em Medicamentos e Assistência da Faculdade de Farmácia da UFMG.

O estudo surgiu a partir da análise dos sistemas ambulatorial, hospitalar e de mortalidade do Sistema Único de Saúde (SUS), entre os anos 2000 e 2016. A princípio, a pesquisa analisou a população acima de 18 anos diagnosticada com ao transtorno, que somavam 350 mil pessoas.

Em seguida, foram observadas 83 mil pessoas idosas com esquizofrenia cujo tratamento foi realizado pelo SUS, que concede os antipsicóticos atípicos.

Após várias análises e comparações, o médico geriatra percebeu que, ao longo dos 16 anos analisados, os indivíduos que utilizaram clozapina apresentaram um menor risco de mortalidade.

Entre os idosos, aqueles que se trataram com antipsicóticos atípicos diferentes apresentaram um risco de morte 54% mais elevados quando comparados aos que usaram a clozapina. Entre os adultos, esse número foi de 21%.

“Para avaliar a efetividade da clozapina, usei o critério de desfecho dependente, que é a mortalidade. Eu quis entender se havia, ao longo dos 16 anos considerados, alguma diferença entre a mortalidade em pessoas que usam clozapina e as que usam outros medicamentos. A nossa análise dos bancos de dados mostrou que houve, sim, diferença: quem usou clozapina teve menos risco de morte na comparação com quem usou outros antipsicóticos, tanto nos adultos mais jovens quanto nos idosos”, explicou o médico ao jornal da faculdade.

Medicamento de "segunda geração"

De acordo com o doutorando da UFMG, a esquizofrenia pode ser tratada por meio de dois tipos de antipsicóticos: os típicos, ou de primeira geração, e os atípicos, conhecidos também como de segunda geração.

Os de primeira geração são disponibilizados na atenção primária do SUS, mas têm mais taxas de efeitos colaterais motores. Os de segunda, por sua vez, causam menos efeitos colaterais, porém, são mais caros. Eles também estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf), que faz a distribuição de medicamentos de alto custo.

A clozapina é um antipsicótico de segunda geração, ou seja, que causa menos efeitos colaterais. Os mais relatados são sedação excessiva, hipotensão ortostática – queda excessiva da pressão arterial –, constipação intestinal e síndrome metabólica. O acompanhamento médico é essencial para reduzir esses sintomas.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!