Ao se vacinar, a gestante se protege e também protege o bebê
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Ao se vacinar, a gestante se protege e também protege o bebê


O Brasil registrou um número alto de casos de coquelucheinfecção respiratória causada por bactéria ( Bordetella Pertussis ), no ano de 2024. Santa Catarina, por exemplo, registrou o maior número de casos dos últimos 10 anos, com 263 confirmações, a maioria em bebês menores de um ano, e três óbitos em recém-nascidos, entre um e dois meses de idade.

Até novembro de 2024, haviam sido registrados mais de 3,2 mil casos da doença em todo Brasil. Os estados com maior número de registros são Paraná (1.229),  São Paulo(831), Minas Gerais (384), Rio de Janeiro (259) e Distrito Federal (163).

A coqueluche é grave principalmente para crianças menores de um ano de vida e gestantes, que podem passar a infecção para os bebês. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão ocorre, principalmente, pelo contato com a pessoa doente, por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. 

A melhor forma de se prevenir é através da vacinação. O Sistema único de Saúde (SUS) oferta a vacina recomendada a gestantes (a cada gestação), todos os profissionais da saúde e parteiras tradicionais.

Risco para gestantes

Dr. Carlos Starling, médico, infectologista e especialista em Medicina Preventiva e Social pela UFMG, vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, contou em entrevista ao Portal iG que gestantes correm o risco de transmitir a doença ao recém-nascido, que é mais propenso a formas graves e complicações.

Segundo o médico, comunicantes de casos suspeitos devem ser vacinados seletivamente, priorizando grupos de risco como imunocomprometidos e indivíduos com asma moderada ou grave.

As complicações mais graves da coqueluche em gestantes são menos comuns do que em bebês, mas a doença pode ter impactos significativos. "As gestantes com coqueluche podem enfrentar complicações respiratórias, como pneumonia, que podem ser graves em casos de doenças pré-existentes. Além disso, a coqueluche pode aumentar o risco de prematuridade e complicações no parto devido ao estresse físico causado pelas crises de tosse intensas", pontuou Starling.

Proteção para mãe e bebê

De acordo com a pasta de saúde de Minas Gerais, a vacinação na gravidez protege mamães e bebês, atuando como um escudo temporário para os pequenos.

“Os profissionais de saúde devem realizar ações no pré-natal, garantindo que as gestantes tenham conhecimento sobre os benefícios das vacinas que devem tomar na gravidez, porque o anticorpo da mãe é transferido para o bebê, que vai ter a imunidade garantida até que possa se vacinar”, destaca Lírica Mattos, diretora de Gestão da Integralidade do Cuidado da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam quatro óbitos em bebês com menos de dois meses no ano passado em Minas Gerais. As mães de três deles não tinham se imunizado com a vacina tríplice bacteriana acelular (dTpa).

Segundo a secretaria de saúde de Minas, o estado registrou mais de 600 casos em 2024, nos quais mães e crianças não haviam se vacinado. A dTpa faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde dos 853 municípios mineiros. Caso não seja possível se vacinar durante a gravidez, a puérpera pode receber a dose até 45 dias após o parto.

Cobertura vacinal

A meta vacinal para a doença, estipulada pelo Ministério da Saúde, é de 95%. A vacina dTpa está na rotina do Calendário Nacional de Vacinação, desde 2014, para gestantes, puérperas até 45 dias (caso a vacina não tenha sido administrada durante a gestação) e profissionais da saúde.

Para as crianças, são duas as vacinas previstas que protegem da coqueluche: a pentavalente e tríplice bacteriana, com doses a partir dos dois meses de idade até os quatro anos, conforme esquema preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações.


A doença

A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, respiratória, de alta transmissibilidade. Uma pessoa doente pode infectar até 17 pessoas suscetíveis. A infecção evolui em três fases sucessivas:

Fase inicial (catarral), como um resfriado comum e febre baixa, mal-estar, coriza e tosse seca; Fase de tosse intensa (paroxística), com crises súbitas e rápidas que podem causar vômitos e vermelhidão no rosto; Fase de recuperação (convalescença), na qual a tosse começa a diminuir em frequência e intensidade, mas pode persistir por duas a seis semanas ou por até três meses.

Segundo o Dr. Carlos Starling, os sintomas da doença em gestantes são semelhantes aos observados em outras populações. Inicialmente, a doença se manifesta com sintomas leves, como tosse seca, coriza, mal-estar geral e, ocasionalmente, febre baixa.

À medida que avança, a tosse se torna mais intensa, com crises de tosse que podem ser seguidas por vômitos e dificuldade respiratória. Em gestantes, esses sintomas podem ser menos graves do que em bebês, mas a vacinação é crucial para proteger o recém-nascido.

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