O arsênio, substância utilizada para envenenar um bolo que matou três pessoas, é um semi-metal presente na crosta terrestre, é tema de preocupação crescente devido ao seu impacto ambiental e aos riscos à saúde humana.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) destaca que o elemento está presente em mais de 200 minerais e é obtido como subproduto da extração de minérios como cobre, chumbo, cobalto e ouro. Além disso, o arsênio é amplamente utilizado em diversas indústrias, incluindo a produção de semicondutores, vidros e ligas metálicas.
De onde o arsênio surge
A liberação de arsênio no meio ambiente ocorre tanto por fontes naturais, como erupções vulcânicas, quanto por atividades humanas, como mineração, aplicação de agrotóxicos e incineração de lixo. Uma vez no ambiente, o transporte e a distribuição do elemento na água dependem de sua forma química e das interações com outros materiais presentes no meio.
Embora o arsênio metálico seja insolúvel em água, ele pode contaminar o lençol freático, seja por conta das rochas e minérios locais, ou pela ação do homem por meios industriais.
No solo, o arsênio forma complexos insolúveis com óxidos de ferro, alumínio e magnésio, apresentando baixa mobilidade.
O elemento também pode ser disperso pelo vento em forma de óxidos altamente solúveis, liberados por processos de combustão, retornando ao solo por deposição seca ou úmida. Essa dinâmica contribui para sua presença em diferentes compartimentos ambientais.
Riscos à saúde humana
Caso o ser humano entre em contato com arsênio, principalmente por meio da ingestão de alimentos e água contaminados, pode acontecer sério problemas de saúde.
Quantidades significativas do elemento são encontradas em frutos do mar, carnes e grãos, com menores concentrações em laticínios, vegetais e frutas. Segundo a Cetesb, “os sinais iniciais de intoxicação aguda incluem dor abdominal, vômito, diarreia, vermelhidão na pele, fraqueza muscular e cãibras”.
Possíveis efeitos à saúde humana:
- Dor abdominal;
- Vômito e diarreia;
- Vermelhidão na pele;
- Fraqueza muscular e cãibras;
- Dormência e formigamento das extremidades;
- Lesões dérmicas (hiper e hipopigmentação);
- Neuropatia periférica;
- Câncer de pele, pulmão, bexiga e rins;
- Doença vascular periférica;
- Problemas cardiovasculares em crianças.
A exposição crônica ao arsênio está associada ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, incluindo pele, pulmão, bexiga e rins. Estágios prolongados de consumo de água contaminada também podem causar lesões dérmicas, neuropatias periféricas e doenças vasculares.
Estudos indicam que crianças expostas a concentrações de 0,6 mg/L de arsênio na água por cerca de sete anos apresentaram efeitos no sistema cardiovascular.
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o arsênio e seus compostos inorgânicos como cancerígenos para humanos.