
O Brasil enfrenta um sério problema no combate à dengue. Apenas em janeiro, no estado de São Paulo, há 31 cidades em estado de emergência e 29,6 mil casos confirmados.
A vacinação, uma das formas de combate, não encontrou a aderência esperada da população, o que preocupa governantes - pois, em 2024, houve 6.103 mortes e mais de 6,6 milhões de casos, segundo o Ministério da Saúde.
Nesse cenário, há uma força-tarefa de conscientização contra a dengue - mas o calendário vacinal, além de ser focado nos municípios, não abrange além da adolescência. Veja mais sobre o cenário:
Calendário vacinal federal
Em 2025, como explicou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Brasil não adotou uma estratégia de vacinação em massa, apesar do cenário de epidemia de dengue no Brasil.
Porém, houve um esforço para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso do imunizante do Butantan para uma faixa etárea maior (ano passado, o público-alvo era entre 10 e 14 anos).
Falta de procura
A cidade do Rio de Janeiro mudou a programação da vacinação. Desde a terça-feira (28), adolescentes de até 16 anos podem se vacinar no estado a partir de fevereiro.
A mudança aconteceu porque os pais das crianças de 10 a 14 anos, público-alvo e mais propensos à morte por dengue, não aderiram de modo esperado à vacinação; havia cerca de 100 mil doses de vacinas paradas há cerca de seis meses.
Vacinação no Rio de Janeiro
A cidade do Rio de Janeiro tem 100 mil doses de vacina contra a dengue paradas nos estoques da Secretaria Municipal de Saúde, esperando que pais de menores com idade entre 10 e 14 anos os levem aos postos da cidade. A informação foi confirmada pelo secretário municipal de saúde, Daniel Soranz.
O Rio tem quase 1 mil casos de dengue confirmados em 2025, e uma morte (homem, 38 anos). A prefeitura fará uma força-tarefa contra os mosquitos da dengue no Carnaval.
Vacinação em São Paulo
A cidade de São Paulo não ampliou a idade de vacinação. Desde abril de 2024, as ofertas de doses estão iguais: crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
O governador Tarcísio de Freitas, de acordo com a Secretária de Saúde de São Paulo, aplica seus esforços em prevenção. O estado investiu, desde 2024, R$ 225 milhões no combate à dengue.
“O primeiro desafio do ano de 2025 é o enfrentamento à dengue. Só teremos sucesso se fizermos juntos o que tem que ser feito. Temos em desenvolvimento a vacina do Butantan, que está indo muito bem, mas só teremos escala em 2026”, disse Tarcísio.
“Nós temos o desafio de agora, com questões como o clima que favorece a proliferação dos vetores. O segundo problema é que muitas pessoas tiveram dengue no ano passado e a repetição favorece o desenvolvimento de uma dengue grave. Por fim, temos um sorotipo diferente que está circulando. Com o que nós temos de ferramenta agora, temos que combater o vetor e nos estruturar. Cada um precisa fazer a sua parte: o cidadão, as prefeituras, já que a zeladoria terá muito efeito e o estado de São Paulo, que dará todo o suporte.”
Além dos investimentos do governo, a Secretaria de Estado da Saúde também investiu R$ 9,7 milhões em medicamentos e insumos para o combate à doença. Além disso, foram transferidos R$ 5,1 milhões para os municípios adquirirem repelentes específicos para a população gestante.
Vacinação vai expandir?
Embora haja pressão da população para expandir a idade da vacinação contra a dengue, isso leva um tempo. A Anvisa precisa analisar todos os riscos antes de liberar para adultos e crianças menores.
“Temos que esperar a aprovação. A aprovação parte dos estudos clínicos e define qual é a faixa etária que há evidências. Não posso antecipar, apesar dos artigos publicados, porque depende da aprovação da Anvisa. Lembrando que não há indicação para vacinação acima dos 60 anos”, comentou Nísia Trindade, ministra da Saúde.