
Uma mulher que foi “forçada” a viver em uma cama de hospital por 18 meses, apesar de estar clinicamente apta a sair, foi presa e despejada para uma casa de repouso. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) tomou medidas legais na Justiça contra a paciente.
Identificada como Jessie, de 35 anos, a mulher foi internada pela primeira vez no Hospital Geral de Northampton em 14 de abril de 2023, precisando de tratamento para celulite. Depois de um mês de tratamento, ela estava pronta para receber alta, mas não havia para onde Jessie ir. As informações foram obtidas pelo jornal britânico The Sun.
De acordo com o jornal, a mulher não conseguiu retornar para a antiga casa de repouso onde vivia antes da internação porque o local não era mais capaz de atender às suas necessidades.
Entenda o caso

Depois de se recuperar de uma grave infecção de pele, Jessie passou 550 dias em uma enfermaria de seis leitos no hospital, com apenas cortinas para ter privacidade. ela também vivia com todos os seus pertences armazenados em caixas que cercavam sua cama de hospital.
Com apenas sua coleção de bonecas como conforto, Jessie disse que sua saúde mental se deteriorou rapidamente durante sua internação hospitalar, segundo o The Sun. Mantendo um diário em vídeo de sua experiência, ela disse: "Sinto-me muito irritada, chateada, inútil e como se minha saúde mental e minha vida não importassem”.
Jessie, que foi diagnosticada com um transtorno de personalidade emocionalmente instável, usa uma cadeira de rodas e precisa de ajuda com todos os seus cuidados pessoais. De acordo com a reportagem, Jessie "acha a vida difícil e pode ser desafiadora para aqueles que tentam ajudá-la".
Ação na Justiça

Quando a mulher fica estressada, se automutila e ameaça usar de violência contra outras pessoas. Esses fatores levaram ao Serviço de Saúde a mover uma ação judicial contra Jessie no Tribunal Superior, para expulsá-la da cama de hospital em que estava vivendo.
Após sua prisão ser decretada pela Justiça, ela foi levada para uma nova casa de repouso, onde diz que se sente ansiosa.
O Departamento de Saúde e Assistência Social britânico disse ao canal BBC que "este é um caso preocupante que mostra como nosso sistema de alta hospitalar do NHS está falhando com pessoas vulneráveis”.
O Conselho de North Northamptonshire, responsável por sua moradia e cuidados, investigou cerca de 120 vagas de assistência, mas apenas uma casa de repouso foi oferecida — um apartamento com assistência em uma cidade próxima.
A unidade conta inicialmente com apenas dois cuidadores presentes 24 horas por dia. Jessie afirma que sua mudança forçada a deixou com sentimentos "suicidas" e trouxe de volta memórias difíceis.
Problema recorrente
Jessie é a quarta pessoa a ser levada a tribunal pelo NHS desde 2006. Em janeiro de 2025, foi revelado que quase 13 mil dos 100 mil leitos hospitalares do Reino Unido estavam ocupados por pacientes que não precisavam de cuidados médicos.
A falta de assistência social disponível em suas casas ou a escassez de vagas em casas de repouso foram os principais motivos pelos quais as altas dos pacientes foram adiadas por uma semana ou mais, de acordo com o The Sun.