Matias foi diagnosticado com síndrome de Tourette
Arquivo pessoal/ Nágila Rocha
Matias foi diagnosticado com síndrome de Tourette

Um garoto de 11 anos ganhou destaque nas redes sociais após a mãe, Nágila Rocha, compartilhar o dia a dia do pequeno, diagnosticado com  síndrome de Tourette. O distúrbio neuropsiquiátrico costuma ser identificado na infância e envolve tiques que podem durar por mais de um ano.

"O maior desafio é o medo e a incerteza ao ver o Matias, que, antes de apresentar os primeiros sintomas, não tinha nenhum comportamento incontrolável, ter gritos, ruídos e tiques no rosto. No começo, eu e minha família, ficamos muito assustados, procurando um diagnóstico", relembra Nágila, em entrevista à reportagem do  iG Saúde.

Nágila Rocha com o filho, Matias
Arquivo pessoal/ Nágila Rocha
Nágila Rocha com o filho, Matias
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A mãe conta que, além destes sintomas, Matias Rocha passou a falar palavrões por conta da síndrome, o que a motivou a buscar auxílio profissional. "Tentamos deixá-lo o mais calmo possível, sempre relembrando que é involuntário e que ele não tem culpa", afirma.

Segundo Nágila, Matias tem sido acompanhado por uma psiquiatra e por um psicólogo. Ela ainda afirmou que foi prescrito óleo de  canabidiol para o tratamento do filho. "Vimos um resultado impressionante", explica. "A ideia é ele conseguir controlar um pouco esses tiques e tem melhorado bastante".


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"Antes, os tiques e palavrões eram muito descontrolados. Hoje em dia, ele consegue segurar mais. Faz terapia ocupacional, com psicólogo, duas vezes por semana. Isso tem ajudado bastante", comenta.

Fenômeno nas redes sociais, Matias conta ao iG que, em momentos de nervosismo ou medo, a situação piora. Quando os tiques estão fortes, ele admite que gosta de brincar com a irmã, Nicole Maitê Rocha ou praticar algum exercício. "Brinco com minha irmã ou faço atividades físicas", resume.

Além de Matias, Nágila Rocha é mãe de Nicole
Arquivo pessoal/ Nágila Rocha
Além de Matias, Nágila Rocha é mãe de Nicole


 "Tenho medo de magoar as pessoas, mas eu comecei a parar de acreditar nisso", conta o garoto, em referência aos episódios em que os tiques acontecem. "Fico um pouco bravo [quando os tiques acontecem], mas entendo, porque é da minha síndrome. Tenho medo de magoar as pessoas, porém comecei a parar de acreditar nisso", pondera o garoto.

Sintomas

Ao iG Saúde,  Êdela Aparecida Nicoletti, psicóloga especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT), detalha que os primeiros sintomas podem começar entre os 5 e 7 anos. "Incluem tiques motores simples, como piscadelas frequentes, movimentos faciais ou contrações musculares", elenca.

"Com o passar do tempo, esses tiques podem evoluir para manifestações mais complexas, incluindo movimentos coordenados e tiques vocálicos, como pigarrear, tossir ou repetir palavras", acrescenta.

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"Cabe reforçar que existe uma importante função moduladora que as emoções exercem sobre os tiques. Ou seja, o aumento de emocionalidade negativa costuma aumentar tanto a frequência quanto a intensidade destes. As habilidades da DBT de Mindfulness, Tolerância ao mal-estar e de regulação emocional podem ser importantes aliados para auxiliarem os pacientes a reduzir a manifestação dos seus sintomas", completa a diretora do Centro de Terapia Cogntiva (CTC) Veda.

Desafios

Vinícius Guimarães Dornelles, mestre em psicologia na área de Cognição Humana, pontua as "dificuldades sociais" que os portadores podem enfrentar, seja em relação ao "bullyng" ou pela "falta de controle sobre os sintomas".

"O não conhecimento sobre o transtorno e seus sintomas pode ser um dos principais fatores relacionados a perda de qualidade de vida nos aspectos emocionais e sociais. O ambiente do indivíduo, por não conhecer o Tourette, pode emitir muitos julgamentos sobre a pessoa em relação aos seus sintomas", diz o especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pela Behavorial Tech (Seattle-EUA).

Fatores e diagnóstico

Em relação aos elementos que podem aumentar o risco da síndrome de Tourette,  Vinícius Guimarães Dornelles define a condição como "multifatorial". "Existem muitos fatores biológicos e ambientais que estão diretamente relacionadas a esse quadro diagnóstico", elucida.

Alguns destes são: histórico familiar, fatores ambientais, estresse e trauma. "O diagnóstico é clínico e requer a presença de tiques motores e vocais por pelo menos um ano. Condições como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno do espectro autista e transtornos de movimento podem ter sintomas parecidos, mas possuem diferenças", destaca.

Tratamento

Diagnóstico precoce auxilia no controle da síndrome
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Diagnóstico precoce auxilia no controle da síndrome


Êdela Aparecida Nicoletti também elenca os principais tratamentos para aqueles que convivem com a síndrome de Tourette, como "Terapia Comportamental Compreensiva para Tiques (CBIT). Alguns medicamentos, "como neurolépticos e agonistas adrenérgicos, usados para casos mais graves", também podem auxiliar no quadro.
"Mindfulness e regulação emocional, conforme ensinados na DBT, podem ajudar a reduzir a reatividade aos tiques e o impacto emocional associado", prossegue a professora Honorária da Equipe Formadora do Instituto Nora Cavaco de Portugal.

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