Avanços tecnológicos aliviam dores na coluna e evitam cirurgias
Reprodução Pixabay
Avanços tecnológicos aliviam dores na coluna e evitam cirurgias


As dores na coluna  afetam milhões de brasileiros e, por muitos anos, a cirurgia  foi vista como o único caminho para casos crônicos e mais graves.  No entanto, os avanços tecnológicos na medicina têm transformado essa realidade, proporcionando aos pacientes alternativas menos invasivas e arriscadas e o melhor: com  recuperação mais rápida.

Publicidade

Técnicas envolvendo radiofrequência, estimulação elétrica transcutânea (TENS), moduladores de canais iônicos e até o uso de anticorpos monoclonais já são realidade no Brasil e ganham cada vez mais espaço no tratamento das doenças da coluna vertebral.

Imagem mostra Daniel Oliveira - Ortopedista
Divulgação: Violeta Andrada

Daniel Oliveira - Ortopedista

O médico ortopedista Daniel Oliveira, especialista em coluna e diretor do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte, destaca a evolução das técnicas para casos comuns como a hérnia de disco lombar. "Entre as mais indicadas, destaca-se a endoscopia da coluna, que permite a remoção precisa do material herniado por meio de pequenas incisões, e a nucleoplastia por radiofrequência, que reduz a pressão intradiscal através da ablação (procedimento médico que destrói ou remove um tecido ou órgão) térmica controlada", explica.

Entre as tecnologias mais utilizadas, a radiofrequência se destaca pelo papel na modulação dos sinais de dor enviados ao cérebro. "Ela é indicada principalmente para dor crônica de origem facetária e casos refratários ao tratamento convencional", acrescenta Daniel.

Outra técnica bastante difundida, a TENS, embora segura, exige atenção. "Pacientes com marcapassos, gestantes e pessoas com doenças neurológicas descompensadas devem evitar o uso", alerta o ortopedista. Apesar das restrições, ele reforça que os avanços mais recentes da ortopedia também passam pelos anticorpos monoclonais. "Eles bloqueiam mediadores inflamatórios como o TNF-alfa, proporcionando alívio para doenças como espondiloartrites e artrite psoriática", afirma.

estimulação elétrica transcutânea
Reprodução Portal Educação
estimulação elétrica transcutânea
Publicidade







Publicidade



O neurocirurgião Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, reforça que os resultados das terapias minimamente invasivas podem ser duradouros, especialmente se combinados com hábitos saudáveis. "Para resultados duradouros, é essencial combinar o procedimento com mudanças no estilo de vida, como fortalecimento muscular, perda de peso e correção postural. Já técnicas mais avançadas, como a neuromodulação por neuroestimulador medular, podem oferecer um controle mais prolongado e efetivo em casos de dores crônicas neuropáticas difíceis de tratar, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente", explica.

Imagem mostra Felipe Mendes - Neurocirurgião
Divulgação: Violeta Andrada

Felipe Mendes - Neurocirurgião

Felipe também destaca os riscos quando as técnicas são usadas de maneira inadequada, pois podem ocorrer lesões nervosas e agravamento da dor. Por isso, é fundamental que os procedimentos sejam realizados por profissionais experientes e com o suporte de exames de imagem avançados.

O neurocirurgião vê um futuro promissor na área. "A neurocirurgia da coluna será cada vez mais personalizada, combinando abordagens minimamente invasivas e métodos não invasivos para oferecer tratamentos eficazes, seguros e confortáveis ao paciente, colocando sempre o paciente no centro das decisões", projeta.

Segundo Felipe, muitas dessas técnicas já conseguem adiar ou até evitar procedimentos como artrodeses e descompressões. "Entretanto, em condições estruturais progressivas, como estenoses severas do canal vertebral ou instabilidades significativas da coluna, procedimentos cirúrgicos tradicionais ainda são frequentemente necessários", pondera. A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, conforme ele explica, adota protocolos rigorosos para garantir a segurança e eficácia das técnicas, sempre baseadas em evidências científicas.

O neurocirurgião João Vitor Lima, especialista em coluna vertebral, ressalta o uso da radiofrequência como alternativa à cirurgia. "A radiofrequência tem sido utilizada como uma alternativa em casos bem selecionados, principalmente para controle da dor em pacientes com patologias como dor facetária crônica e sacroileíte.", avalia.

radiofrequência da coluna
Reprodução Coluna SP
radiofrequência da coluna


imagem mostra João Lima - Neurocirurgião
Divulgação

João Lima - Neurocirurgião

João Vitor também vê potencial nos moduladores de canais iônicos, indicados para dores neuropáticas refratárias. De acordo com o médico, o Brasil já possui essa tecnologia, embora o acesso ainda seja limitado. Ele ainda destaca o uso crescente dos anticorpos monoclonais no combate à dor crônica. "Eles ajudam a reduzir a dependência de opioides, mas ainda enfrentam barreiras como custo e regulamentação", explica.

Na visão do especialista, o momento ideal para indicar uma técnica menos invasiva é após a falha do tratamento conservador e se a cirurgia puder ser evitada sem prejuízo para o paciente. "A TENS, por exemplo, tem efeito limitado para dores neuropáticas graves, mas pode ser uma boa terapia de apoio", conclui João Vitor.

Os especialistas são unânimes: o avanço das tecnologias traz um horizonte mais promissor e menos invasivo para quem sofre com dores na coluna. Com a escolha certa, é possível viver com mais qualidade e menos dor, sem necessariamente passar por uma cirurgia.

Mas, apesar de tantos avanços, ainda há casos em que a cirurgia é inevitável. "Se houver déficits neurológicos progressivos, síndrome da cauda equina ou falha no tratamento conservador, a intervenção cirúrgica continua sendo necessária", conclui Daniel Oliveira, do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!