
A cientista brasileira Carolini Kaid Dávila, doutora em Genética pela Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu uma pesquisa inovadora no Brasil, reconhecida por importantes publicações científicas internacionais, chamando a atenção da revista americana NATURE.
O texto traz atualizações importantes sobre a utilização do Zika Vírus inativado em laboratório, no combate a tumores cerebrais graves, e de alto grau, como é o caso do Glioblastoma.
Em entrevista ao iG, Kaid contou como o desenvolvimento de viroterapias projetadas para atuar contra tumores cerebrais humanos, algo ainda sem tratamento, é um avanço significativo para ajudar pacientes, hoje, desenganados pela medicina.

Carolini Kaid, cientista
"A descoberta, fruto de pesquisa realizada no Brasil, abre caminho para uma nova abordagem terapêutica contra o câncer no sistema nervoso central. A terapia é direcionada para uma das formas mais agressivas da doença, onde infelizmente ainda existem poucas opções de tratamento eficazes", comenta Kaid.
Os experimentos com camundongos, organoides humanos e até cachorros comprovaram que a viroterapia desenvolvida apresenta grande potencial de eficácia, inclusive contra tumores metastáticos.
A pesquisa representa uma nova esperança para os mais de 300 mil pacientes diagnosticados anualmente com tumores cerebrais no mundo, cujas taxas de sobrevivência continuam baixas, com expectativa de vida média de apenas 14 meses após o diagnóstico, e sem um protocolo direcionado para estacionar o avanço da doença.
A supervisora de atendimento Fátima Eliane Dias de Oliveira, 40, foi diagnosticada com Glioblastoma, um dos gliomas mais fatais no sistema nervoso central, há quase 3 anos.
"Descobri ser li-fraumeni [síndrome hereditária que eleva predisposição a tumores] depois do câncer de mama e desde então faço rastreamento anual. O glioblastoma foi descoberto em 14/09/22, através de um acho de ressonância magnética de crânio. A minha cirurgia foi 2 meses depois. Pra mim, é um sonho. O tratamento do Zika nem considero estudo, e sim uma esperança. Sou grata a Deus pela estabilidade da doença. Não ter uma perspectiva do futuro é desolador.''