
O Brasil registrou pela primeira vez um caso de paciente com um fungo resistente que causa uma " supermicose". O caso, ocorrido em 2024, foi divulgado no último mês em um estudo publicado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia.
O micro-organismo, Trichophyton indotineae , foi registrado pela primeira vez na Índia, em 2020, e tem se espalhado pelo mundo desde então. Um homem de 40 anos, sem comorbidades, apresentou lesões vermelhas e descamativas com coceira nos membros inferiores e glúteos em janeiro de 2024.
Descoberta
O paciente, natural do Brasil e residente em Londres, relatou ter feito diversas viagens curtas durante o segundo semestre de 2023, passando por Áustria, Eslováquia, Hungria e Polônia em agosto, além de Escócia e Turquia entre novembro e dezembro. Ele buscou atendimento dermatológico em Piracicaba (SP), onde exames laboratoriais suspeitaram da presença do fungo da “supermicose”.
Mesmo sem apresentar melhora, o paciente retornou a Londres. Em maio de 2024, voltou ao Brasil ainda com lesões nas mesmas regiões do corpo. Uma nova coleta de material confirmou a suspeita inicial, identificando o fungo Trichophyton indotineae , resistente à terbinafina e ao fluconazol.
A micose, causada pela infecção, se espalhou por diferentes partes do corpo do paciente. Os médicos relataram que o fungo se mostrou resistente à terbinafina, medicamento muito comum no tratamento de infecções deste tipo. O paciente, atendido na Santa Casa de São Paulo, teve o caso levado a um laboratório especializado do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo (USP).
Infecção rara
Os pesquisadores testaram diferentes medicamentos para obter uma melhora, mas apenas ao terem o diagnóstico correto conseguiram encontrar a melhor maneira de tratar o caso. A infecção por T. indotineae é considerada rara até mesmo na América do Sul.
"As caracterizações fenotípicas e genotípicas foram essenciais para o diagnóstico adequado e escolha terapêutica, mas a resistência à terbinafina complica as opções de tratamento e destaca a necessidade de melhor vigilância, estratégias de prevenção e abordagens terapêuticas alternativas", afirma o artigo.