
A SES-RJ ( Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro ) confirmou, nesta sexta-feira (16), o primeiro óbito causado pela febre do Oropouche no estado. A vítima era um homem de 64 anos, residente em Cachoeiras de Macacu, município da Região Serrana.
O paciente foi hospitalizado na Região Metropolitana em fevereiro e morreu quase um mês depois. O diagnóstico foi validado por exames realizados pelo Lacen-RJ (Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels) e pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Segundo a SES-RJ, desde a notificação do caso suspeito, uma comissão foi formada para investigar o óbito. As autoridades estaduais informaram que os protocolos de vigilância e controle da doença foram ajustados após a ocorrência.
A secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, afirmou que o avanço da doença vem sendo acompanhado semanalmente.
De acordo com ela, “desde o ano passado, nossos especialistas têm realizado capacitações com os municípios com o objetivo de evitar a proliferação do vírus e aprimorar a assistência aos pacientes”.
Em fevereiro deste ano, equipes técnicas das áreas de Vigilância Epidemiológica, Atenção Primária à Saúde e do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde visitaram Cachoeiras de Macacu para treinamento de profissionais e definição de estratégias de prevenção e manejo clínico.
O vírus oropoucheense (Oropouche virus, OROV), causador da doença, é transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, também chamado de maruim ou mosquito-pólvora.
O inseto se desenvolve em ambientes com matéria orgânica, como áreas de floresta, cultivo de banana ou cacau. A infecção ocorre após a picada de um vetor que tenha previamente se alimentado de um hospedeiro contaminado.
Os principais sintomas incluem febre súbita, dores musculares, articulares e de cabeça, além de náuseas e episódios de diarreia.
Em até 60% dos casos, há recorrência dos sintomas em uma ou duas semanas. Não há vacina ou tratamento específico, sendo recomendados repouso, uso de analgésicos e acompanhamento médico.
Embora a maioria dos pacientes se recupere em poucos dias, o vírus pode provocar formas graves, como meningite asséptica e meningoencefalite. Casos de transmissão vertical e óbitos fetais foram registrados em outros estados.
Cachoeiras de Macacu, local de residência da vítima, concentra grande parte dos casos confirmados no estado. A cidade possui vegetação densa, produção agrícola e 92 cachoeiras cadastradas, fatores associados à proliferação do maruim.
O subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, Mário Sergio Ribeiro, orienta que moradores e visitantes usem roupas que cubram o corpo, apliquem repelentes, instalem telas em janelas e portas, e removam folhas, frutos e resíduos orgânicos dos quintais.
Em 2024, o estado do Rio de Janeiro havia registrado 128 casos, com maior incidência em Piraí. O primeiro caso confirmado ocorreu em março daquele ano, em um homem que havia viajado ao Amazonas.
Em 2025, até 15 de maio, o estado já somava 1.484 casos confirmados. Cachoeiras de Macacu lidera com 649 registros, seguida por Macaé (513), Angra dos Reis (253) e Guapimirim (164).
Brasil

No cenário nacional, até fevereiro de 2025, foram contabilizados 5.102 casos. O Espírito Santo concentrou 94% do total, com 3.463 notificações.
Outros estados afetados foram o Rio de Janeiro, com 167 casos no período, e Bahia, onde duas mulheres morreram em julho de 2024.
Também houve um óbito de uma mulher de 61 anos no Espírito Santo em agosto do mesmo ano. Casos de transmissão de mãe para bebê, incluindo anomalias congênitas e óbitos fetais, foram registrados no Acre, Pernambuco e Ceará.
Estudos da Fiocruz apontam que uma nova linhagem do vírus, com maior capacidade de replicação, está associada ao aumento recente de infecções. Além disso, condições ambientais e mudanças climáticas têm ampliado o alcance do mosquito vetor.