A febre do oropouche tem a vançado rapidamente pelo Brasil: em s ete meses, o país já registrou 11.853 casos confirmados da doença em 2025, o que equivale a 85,6% do total contabilizado no ano passado. Os dados são do Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde, consultado pelo Portal iG.
Dessa forma, o ritmo acelerado aponta a chance de 2025 superar o recorde do ano passado, segundo as projeções baseadas nas curvas epidemiológicas atuais.
Antes, a doença era considerada restrita à região amazônica. No entanto, já foram confirmados casos em 18 estados mais o Distrito Federal em 2025. O destaque vai para o Espírito Santo, que lidera o ranking nacional com mais de 6 mil casos, acima do Amazonas.
Todas as semanas epidemiológicas de 2025 têm dados que superam os de 2024, segundo o Painel Epidemiológico do Ministério da Saúde. O número de mortes - cinco confirmadas e duas em apuração - também já é maior que o do ano passado, quando foram registradas quatro vítimas fatais.
Avanço pela América do Sul
Um estudo conduzido por pesquisadores internacionais identificou o avanço do oropouche por toda a América do Sul. Eles detectaram anticorpos contra o vírus em 6,3% de mais de 9.400 amostras de sangue analisadas na Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador e Peru. Ou seja, ao menos uma em cada 16 pessoas dessas regiões já teve contato com o patógeno.
A pesquisa, publicada na revista The Lancet também apontou grandes variações regionais: em áreas da floresta amazônica, o índice passou de 10%, enquanto no Equador a taxa foi de 5%. As amostras analisadas foram coletadas entre os anos de 2001 e 2022.
Segundo o estudo, os eventos climáticos extremos estão por trás da explosão de casos do vírus na América Latina. As alterações nos padrões das chuvas favorecem o aumento da população de maruins, os mosquitos vetores da doença, e podem intensificar o vírus nos hospedeiros.
Febre do oropouche
A febre do oropouche é causada por um arbovírus e transmitida por mosquitos, como o Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. O vírus foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1960.
Os sintomas lembram os da dengue e costumam incluir febre, dor de cabeça, dores no corpo, náusea e diarreia. Em alguns casos, também podem aparecer tontura, calafrios e vômito.
Apesar de a maioria dos pacientes se recuperar em cerca de uma semana, sem grandes complicações, há casos em que a doença evolui para problemas neurológicos, como meningite viral.
O que preocupa os especialistas é a dificuldade no diagnóstico, já que os sintomas são parecidos com os de outras arboviroses, e o fato de não haver tratamento específico. O cuidado é feito com hidratação, repouso e medicação para aliviar os sintomas.