Vacinação segue abaixo de 50% na maioria dos estados
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Vacinação segue abaixo de 50% na maioria dos estados

A campanha nacional de vacinação contra a gripe está prestes a completar quatro meses. No entanto, a adesão da população segue em baixa: a média nacional de imunizados é de 45,84%, segundo dados do painel de vacinação do Ministério da Saúde.

O número é menor que a metade do objetivo da campanha deste ano, de imunizar 95% dos grupos prioritários - as crianças, as gestantes e os idosos.

Se por um lado a vacinação está em baixa, a circulação do vírus está longe de dar trégua. Segundo o último boletim Infogripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (31), já foram notificados 145.517 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025, sendo 77.661 (53,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Destes, 26,1% são de influenza A.

Uma coincidência que se destaca no informe da Fiocruz é o perfil dos pacientes internados com SRAG: a maioria dos casos envolve crianças de até quatro anos e idosos com mais de 60, ou seja, dois dos principais públicos-alvo da campanha de vacinação. Porém, a cobertura vacinal entre esses grupos está abaixo da metade da meta: apenas 43,48% das crianças e 47,56% dos idosos foram vacinados até agora, de acordo com o Ministério da Saúde.

O Portal iG procurou o Ministério da Saúde para esclarecer quais têm sido as dificuldades e as estratégias adotadas para socorrer a baixa cobertura vacinal. Em nota, a pasta respondeu que a vacinação contra a gripe continua em todo o país, com mais de 67 milhões de doses distribuídas gratuitamente pelo SUS, que imunizaram 46 milhões de pessoas até o dia 21 de julho.

A pasta destacou que tem orientado os municípios a procurarem ativamente as pessoas que fazem parte dos grupos prioritários para a imunização, que é a principal forma de proteção contra o vírus.

"A recomendação do Ministério da Saúde é que estados e municípios façam a busca ativa dos grupos prioritários, como crianças, idosos e gestantes, e ampliem a vacinação a todos que procurarem os postos de saúde",  diz a nota da pasta.

Ainda segundo o ministério, a campanha de 2025 contou com mobilizações como o Dia D de vacinação e ações de conscientização. Outras recomendações para além da vacina continuam, como o uso de máscaras, o isolamento de casos suspeitos, o distanciamento físico e a ventilação de ambientes.

Diferença entre os estados

Apesar da média nacional baixa, alguns estados estão avançando na cobertura vacinal. O Piauí é o primeiro da lista, com 56% do público-alvo imunizado até o fim de julho. Vale ressaltar que o estado nordestino tem menos de 800 mil pessoas no grupo prioritário.

Ao iG, a coordenadora de Imunização da Secretaria de Saúde de Estado do Piauí (Sesapi) atribuiu o desempenho acima da média a diferentes estratégias, como a mobilização de agentes comunitários, ações nas escolas e checagem ativa de cadernetas nas unidades básicas.

Ela também listou “as orientações semanais, monitoramento com avaliação e feedback aos municípios” como pontos favoráveis à boa adesão vacinal no estado.

Outro estado que se destaca é o Paraná, que já conseguiu vacinar 51% dos quase 3 milhões de habitantes no grupo prioritário. Em entrevista ao Portal iG, o secretário de Saúde paranaense, Beto Preto, explicou que o sucesso da campanha pode ser explicado por duas medidas principais: a abertura da vacinação para além dos prioritários e a imunização “extra-muros”.

“Nós começamos as ações 15 dias antes, conforme as vacinas chegaram no Paraná, nós já começamos a vacinar. Em 1º de abril, já estávamos com todo o time todo preparado. E depois de 20 dias, quando vimos que não estava subindo a estratégia, não alcançando o que a gente queria, nós abrimos para todos os grupos. Para facilitar, por exemplo, quando os pais levassem as crianças, que eles também tomassem a vacina”, explicou.

Segundo o secretário, no ano passado, 700 mil doses sobraram após a campanha. Esse ano, a expectativa é que não sobre nenhuma.

“Nós não queremos sobra, não vai sobrar. Nenhuma vacina vai ser jogada fora”, disse. Ele também explicou que os municípios foram orientados a fazer uma estratégia de imunização “extra-muros”.

“É sair da sala de vacina e ir para campo. Então é porta de igreja, de supermercado, no shopping, nas escolas. E com isso, nós conseguimos esse feito, o Paraná é o segundo estado com mais crianças e idosos imunizados”, diz.

Apesar dos avanços, Beto Preto reforça a desinformação como um dos principais gargalos da campanha de vacinação.

“Diante de tudo isso, ainda precisamos fazer um trabalho para combater as informações falsas. É um desserviço à população o que vem de informação falsa. Eventualmente, há até pessoas do grupo da saúde falando contra”, diz. Ele adiciona que uma estratégia adotada pelo Paraná é agir em conjunto com a imprensa. De qualquer forma, a secretaria está otimista e acredita que irá cumprir com o objetivo da campanha.

Na outra ponta, o Rio de Janeiro vacinou apenas 33,2% do público-alvo. Ao iG, a Secretaria de Estado de Saúde confirmou o índice e disse que, até 30 de julho, foram aplicadas 3.197.998 doses da vacina contra a Influenza no estado.

A secretaria explicou que a quantidade de doses destinada a cada município segue as orientações do Ministério da Saúde e é proporcional à população do público-alvo.

Além disso, a pasta salientou a ação de vacinação volante, com ações já realizadas em Magé, Queimados, Japeri, Paraíba do Sul e Saquarema. No entanto, não deu explicações sobre as dificuldades encontradas durante a campanha.

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