Morte de Diane Keaton acende alerta para os riscos da pneumonia
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Morte de Diane Keaton acende alerta para os riscos da pneumonia

A morte da atriz Diane Keaton , aos 79 anos, vítima de pneumonia, acendeu um alerta global sobre os riscos da doença, muitas vezes subestimada, mas potencialmente fatal, especialmente entre idosos e pessoas com comorbidades. A notícia levantou uma questão urgente: até que ponto a pneumonia pode evoluir para um quadro grave, mesmo com tratamento médico?

Em entrevista ao Portal iG, o pneumologista Flávyus Cardoso, da Rede Mater Dei, explica que a gravidade da doença depende de uma combinação de fatores relacionados ao paciente, ao agente infeccioso e à rapidez no início do tratamento.

“A evolução desfavorável pode ocorrer quando há idade avançada, presença de doenças crônicas, imunossupressão ou desnutrição. Também pesam a resistência antimicrobiana e o atraso no início do uso de antibióticos adequados”, afirma o especialista.

Quando a pneumonia se torna fatal

Segundo o médico, a pneumonia é uma infecção pulmonar que pode comprometer a troca de oxigênio e causar inflamação severa. Quando o corpo não consegue conter o avanço do agente infeccioso, o processo inflamatório se intensifica, podendo levar à insuficiência respiratória e ao choque séptico, condições que colocam a vida do paciente em risco.

“O organismo reage tentando eliminar o patógeno com uma resposta inflamatória. Mas, em pessoas idosas ou com doenças pré-existentes, o sistema imunológico é menos eficiente e a reação pode sair do controle, comprometendo o funcionamento dos pulmões e de outros órgãos” , explica Cardoso.

O envelhecimento, segundo o pneumologista, traz alterações fisiológicas que aumentam a vulnerabilidade: há redução da força muscular respiratória, menor reflexo de tosse e piora do mecanismo de limpeza das vias aéreas (clearance mucociliar). Além disso, o sistema imunológico sofre o que se chama de imunossenescência, processo em que há menor produção de células de defesa e aumento de inflamação sistêmica.

Fatores de risco que agravam o quadro

A pneumonia é especialmente perigosa em idosos com mais de 80 anos e em pessoas com doenças cardíacas, renais, hepáticas, pulmonares, diabetes, câncer ou demência.

“Esses pacientes têm risco muito maior de complicações e óbito, independentemente do tipo de microrganismo envolvido” , alerta o médico.

Outros fatores de risco incluem hospitalizações recentes, uso de muitos medicamentos, estado funcional reduzido (como imobilidade e acamamento) e infecção por vírus respiratórios graves, como influenza e vírus sincicial respiratório (RSV).

Sinais de agravamento exigem atendimento imediato

A pneumonia pode começar de forma discreta, mas certos sintomas indicam agravamento do quadro e exigem atendimento médico urgente.

“Aumento da falta de ar, respiração muito rápida (mais de 30 vezes por minuto), confusão mental, pressão baixa, febre persistente e queda da saturação de oxigênio abaixo de 94% são sinais de alerta” , detalha Cardoso.

Em idosos, os sintomas podem ser ainda mais sutis,  e perigosos. Mudanças como sonolência excessiva, perda de apetite, declínio funcional súbito ou agravamento de doenças crônicas (como insuficiência cardíaca e DPOC) também indicam que algo está errado.

“Nessas situações, é fundamental procurar atendimento o quanto antes, mesmo que o quadro pareça leve” , reforça o pneumologista.

Prevenção: vacinação e hábitos saudáveis são essenciais

Embora possa evoluir rapidamente, a pneumonia é altamente prevenível com medidas simples e a vacinação é uma das mais importantes.

“A vacinação contra influenza e pneumococo reduz significativamente o risco de hospitalizações e óbitos, especialmente entre idosos e portadores de doenças crônicas” , explica Flávyus Cardoso.

Ele ressalta que a vacina contra a gripe deve ser tomada anualmente, enquanto as vacinas pneumocócicas ( PCV13, PCV15, PCV20 e PPSV23) oferecem proteção de longo prazo contra as formas mais graves da doença.

Além disso, evitar a automedicação é fundamental. O uso incorreto de antibióticos pode favorecer a resistência bacteriana e mascarar sintomas, dificultando o diagnóstico precoce.

“Muitos pacientes começam antibióticos por conta própria quando sentem sintomas respiratórios, o que pode atrasar o tratamento adequado e piorar o quadro” , alerta.

Outras medidas que ajudam na prevenção incluem cessar o tabagismo, manter o controle de doenças crônicas, cuidar da higiene bucal e manter as vacinas em dia, incluindo COVID-19 e RSV.

Uma doença antiga, mas ainda mortal

Mesmo com avanços médicos e vacinas disponíveis, a pneumonia segue sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo e não apenas entre idosos. Casos graves também podem ocorrer em adultos jovens, especialmente quando o diagnóstico é tardio ou o tratamento é interrompido precocemente.


A morte de Diane Keaton, portanto, serve como um lembrete poderoso de que a pneumonia não deve ser banalizada.

“É uma doença que, quando negligenciada, pode evoluir rapidamente. Por isso, o reconhecimento precoce dos sintomas e o acompanhamento médico adequado são essenciais para evitar desfechos trágicos” , conclui o pneumologista da Rede Mater Dei.

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