
O Dia Mundial do Diabetes é celebrado nesta sexta-feira (14) e o que chama a atenção é o expressivo aumento da doença pelo mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 10 adultos vive com diabetes, sendo que mais de 90% dos casos correspondem ao tipo 2. As projeções indicam que, até 2045, a prevalência global aumentará 46%, reforçando os desafios para a saúde pública. Muitas vezes, o paciente nem sabe o que está consumindo e em que quantidades.
No Brasil, o impacto é evidente. Um levantamento realizado pelo Ambulatório de Cardiometabolismo do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia mostra que 72% dos pacientes acompanhados têm diagnóstico de diabetes tipo 2, a maioria mulheres acima dos 40 anos. A doença raramente aparece de forma isolada: cerca de 87% também têm hipertensão e 90% apresentam colesterol elevado.

Convivendo com a diabetes há 26 anos
Como aconteceu com Kátia Cruz, de 61 anos, que descobriu o diabetes tipo 2 de forma precoce, aos 35 anos, após ter hepatite C. As mudanças na rotina alimentar precisaram ser imediatas.
Ela contou a reportagem do iG que, na época, tinha duas crianças pequenas e consumia muita comida pronta e doces, mas, ao longo do tempo, foi necessária uma reeducação alimentar. Hoje, 26 anos após o diagnóstico, Kátia afirma que o cuidado é contínuo e que passou a priorizar frutas e alimentos naturais.
"Eu brigava comigo mesma toda vez que tinha que tomar o remédio. Tive muita dificuldade. Meu quadro acabou se agravando até que precisei usar insulina. Hoje, utilizo a canetinha e me adaptei à situação”, relatou Kátia.
Especialistas alertam para desafios no tratamento
Segundo a médica Rafaela Penalva, chefe da Seção de Cardiometabolismo do IDPC, o cuidado com esses pacientes precisa ir além do controle glicêmico. Ela destaca que o diabetes é uma condição que afeta diversos sistemas do corpo e que o acompanhamento deve ser global, com foco na prevenção de complicações que comprometem a qualidade de vida e aumentam o risco cardiovascular.
A especialista ressalta que a adesão ao tratamento e a reeducação alimentar ainda são grandes desafios. Segundo ela, o prato do brasileiro está repleto de ultraprocessados, ricos em açúcar, sódio e gorduras.
A médica também alerta para o estilo de vida cada vez mais digital, que contribui para o sedentarismo e o ganho de peso. O aumento do estresse é outro fator de risco que eleva as chances de complicações cardiovasculares entre pacientes com diabetes tipo 2.
Diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2
O tipo 1 é uma condição autoimune, em que o organismo deixa de produzir insulina, exigindo seu uso desde o diagnóstico.
Já o tipo 2 está relacionado à resistência à insulina e tem forte influência da idade, obesidade, alimentação inadequada e sedentarismo. O tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, medicamentos e em alguns casos, a insulina.