Atividade física geralmente é sinônimo de vida saudável e saúde. Entretanto, se for praticada em exagero ou sem acompanhamento adequado, o que traria benefícios pode representar um grande risco. "As pessoas confundem força de vontade com exageros, mas nosso corpo tem limites que não devem ser ultrapassados", comenta o educador físico Symon Couto.
Os casos de lesões graves e até mortes em academias não são poucos. Na semana passada, Roberval Ferreira de Souza Júnio, de 35 anos, passou mal após uma aula de crossfit em Brasília e morreu .
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A atividade, uma mistura de exercícios funcionais e treinos de força e aeróbicos, é queridinha de diversos famosos como Giovanna Antonelli e Bruno Gagliasso e, segundo o educador físico Felipe Lopes Silva, traz diversos benefícios como aumento da capacidade aeróbia e anaeróbia e da queima de gordura abdominal e corporal; aumento da sensibilidade à insulina e tolerância à glicose, reduzindo o risco de diabetes e diminuição do colesterol total e LDL e aumento do HDL, prevenindo o surgimento de doenças cardiovasculares.
Entretanto, é uma prática de alta intensidade e, como todas as outras atividades do tipo, exige cuidados.
O que fazer antes de começar
"Antes de iniciar qualquer tipo de atividade física é importantíssimo passar em uma avaliação médica, principalmente cardiológica. Problemas relacionados ao coração são os que mais matam dentro do esporte. Mais de 90% da população terão algum tipo de alteração", alerta Symon.
O professor também fala que é fundamental fazer uma avaliação física, para que as condições do aluno sejam avaliadas e o educador possa montar o treino mais adequado para o perfil dele. "Uma prescrição inadequada pode lesionar ou causar danos que a pessoa pode levar pra vida toda", completa.
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E mesmo quem já treina e tem um acompanhamento, deve sempre conversar com os profissionais. "Todos os dias, antes de treinar, é de suma importância conversar com seu professor e dizer se passou por algum estresse ou se está se sentindo mal fisicamente. Avaliar a frequência cardíaca e a pressão arterial já pode indicar alguns parâmetros importantes", afirma Felipe. Sabendo de alguma alteração, o professor pode ajustar o treino do aluno para aquele dia e, assim, evitar qualquer lesão.
Qualquer um pode fazer crossfit?
"A atividade é indicada para qualquer indivíduo saudável, pois os exercícios são prescritos por um profissional de forma progressiva, levando o indivíduo a evoluir de forma saudável", explica Felipe.
Porém, é preciso levar em conta o histórico do aluno ao indicar a prática do crossfit ou de outra atividade de alta intensidade. "Quem tem histórico de lesões, quadro clínico de doenças da Síndrome Metabólica - caracterizada pela associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames cerebrais - vasculares periféricas e diabetes deve tomar muito cuidado ao ingressar em um programa de atividade física, principalmente no crossfit", fala Symon.
Qual o limite?
Diversos casos de lesões, problemas de saúde e podem estar relacionados ao excesso de treino. "O crossfit e qualquer outra modalidade pode levar a lesões sérias no coração, lesões articulares, dores de cabeça, cansaço excessivo, falta de sono e estresse se praticado levando o treino ao extremo, não respeitando seu corpo e limites e a forma correta de executar os exercícios", diz Felipe.
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Além disso, o crossfit estimula uma disputa. Os alunos são desafiados a superar seus resultados e vários boxes (como as academias da modalidade são conhecidas) colocam os nomes dos melhores em um quadro. "A modalidade envolve um alto componente emocional, levando as pessoas a buscarem algo muito além de sua capacidade física, ultrapassando os princípios biológicos e fisiológicos do corpo, sem se dar conta de que isso está sendo de alguma maneira, prejudicial", analisa Symon Couto.
Para o educador físico, a tática pode motivar e surtir efeitos positivos, mas também é arriscada. Alguns podem cometer excessos perigosos na ânsia por melhores resultados e aí começam as lesões, a sobrecarga e todo o risco. "Mas isso não quer dizer que a modalidade seja ruim ou que as pessoas não devam praticar atividades intensas. Elas precisam ter consciência de que exercício físico é coisa séria, que é fundamental ter acompanhamento e que, se for praticado demasiadamente, terão consequências graves, até mesmo a morte", afirma Symon.