“Tenho tanta vergonha do meu melasma que há dois anos durmo maquiada. Não quero que meu marido me veja com essas manchas”.
Já se passaram mais de dez anos e eu nunca esqueci o que a paciente me disse. O que eu pude receitar foram clareadores e filtro solar, os únicos tratamentos que tínhamos disponíveis. Naquela época nós não sabíamos o que causava o melasma e, como quase tudo na medicina, se a causa não for descoberta e tratada, a doença não cura e tende a voltar.
O cenário hoje é diferente. O primeiro grande passo foi descobrir que a mancha que a gente enxerga é só um dos muitos componentes do melasma e, na verdade, todas as estruturas da pele estão envolvidas. É por isso que o melasma às vezes clareia num local e reaparece no outro.
As alterações da pele do paciente com melasma são muitas, como o excesso de vasos sanguíneos, inflamação, envelhecimento precoce, resposta alterada aos hormônios e hipersensibilidade ao sol.
A mais curiosa dessas é o envelhecimento precoce. Quando vemos num microscópio, a pele da paciente com melasma tem as características de uma pele já velha, independente da idade da pessoa. Esse fato nos fez pensar: e se eu tratar o envelhecimento, será que o melasma melhora?
Há algum tempo eu me debruço sobre essa pergunta e tenho visto que sim, tratar o envelhecimento é uma forma eficiente e duradoura de tratar o melasma. Os peelings profundos, que têm um enorme potencial de rejuvenescimento, também têm mostrado excelentes resultados para o melasma. O peeling destrói todas as camadas da pele e obriga o corpo a se reorganizar e produzir uma nova pele, que vem jovem e sem a maioria das alterações responsáveis pelo melasma
Se ainda não é a cura, porque isso implicaria que não haja mais a necessidade de tratamento, o peeling profundo tem se mostrado uma das melhores maneiras para se tratar o melasma e uma grande esperança para as 35 milhões de pessoas que convivem com essa doença no Brasil.