Cor-de-canela, verde, pálida, queimada, alva-rosada, melada, parda-preta, cor-de-leite, vermelha, puxa-para-branca. Em 1976, o PNAD, que é uma espécie de censo, permitiu que a pessoa respondesse a pergunta sobre a própria cor livremente. Foram mencionadas 136 cores diferentes.
O brasileiro é colorido porque é fruto de uma mistura enorme de tons vindos de diferentes partes do mundo. Entretanto, você já se perguntou por que existem tantas cores? E por que as pessoas que moram nos extremos da terra (Europa, por exemplo) tem a cor da pele clara?
A antropóloga e paleontóloga americana Nina Jablonski há 40 anos investiga a cor da pele. Seus estudos foram publicados no livro “Pele: uma história natural”. Nele ela conta que todos nós tivemos ancestrais comuns, que viveram na África há cerca de 200 mil anos. Eles tinham pele escura porque havia a necessidade de um filtro solar natural contra a intensa radiação. Esse filtro é a melanina, responsável pela cor da pele.
Há cerca de 50 mil anos os africanos iniciaram a migração para a Europa e a Ásia. Havia então dois problemas: a luz solar dessas regiões é pequena e a melanina impedia a captação dessa energia, que é responsável pela produção de vitamina D. Sem essa vitamina, os de pele escura morriam de raquitismo.
O corpo então se adaptou e diminuiu a quantidade de melanina produzida. Em países nórdicos a predominância é de ruivos, nos quais a melanina é muito rara porque a radiação é quase inexistente. Países como a Noruega chegam a ficar seis meses sem sol durante o inverno.
Biologicamente, a cor da pele é resultado somente de uma necessidade corporal de se adaptar ao ambiente. Infelizmente, ao longo dos anos a cor da pele foi sendo usada como base para uma hierarquização social, na qual todos aqueles que não são brancos ocupariam um status social inferior. Daí surge o racismo, tema do meu próximo texto.